segunda-feira, 31 de março de 2014

Edgar Morin/Cultura de Massa no Século XX – O Grande Público


  Em um dos capítulos do livro  "Cultura de Massa no Século XX - O Espírito do Tempo" o filosofo  francês Edgar Morin fala que a industria cultural busca alcançar um nível máximo de consumo, através da tentativa de atingir a um público universal.
  
 A procura de um público cada vez mais variado leva esta indústria à busca de uma homogeneização, ou seja, ela busca dar condições aos espectadores de assimilar os mais diferentes tipos de conteúdos; e nessa busca surge o conceito de sincretismo. Segundo o autor o sincretismo busca unificar dois setores da indústria cultural, que seriam o setor da informação, no qual se encontram as noticias, e o setor romanesco, que trata das questões sentimentais do homem, como por exemplo, o amor.

 Ainda com a intenção de atingir a esse grande publico, surgem algumas subdivisões desse, como por exemplo, a imprensa infantil, que já surge com o objetivo de preparar as crianças para serem inseridas em na imprensa adulta. A imprensa feminina também surge nessa época, não que antes existisse uma genuinamente masculina, mas o direcionamento de assuntos ajuda na conquista da universalidade.

 O cinema também buscou se adequar a essa nova realidade através da criação de enredos que conseguissem, ao mesmo tempo, atingir a mais de um tipo de público; um filme de ação, por exemplo, passa a ter um toque de romantismo, e vise versa.

 O filme "Transformers", do diretor Michael Bay, lançado em 2007, é um exemplo dessa busca pela homogeneização do público. Ao misturar ficção científica, ação, e romance em um só filme, ele consegue atingir, ao mesmo tempo, várias subdivisões de um mesmo público; o que só reforça a já citada ideia de universalidade.


 Por fim, podemos dizer que a cultura de massa depende da indústria e do comércio para se desenvolver, e também que a produção cultural é determinada pelo próprio interesse do mercado; daí surge à necessidade de segmentar os conteúdos, para que no fim, se possa alcançar um público universal.
   




domingo, 30 de março de 2014

O conceito do happy end

Embora não estivesse diretamente ligado à Comunicação, o antropólogo, sociólogo e filósofo francês Edgar Morin contribuiu para os estudos sobre a cultura de massa no âmbito comunicacional a partir da década de 60, em seu livro "O Espírito do Tempo".


De acordo com o autor, a partir da década de 30 começou a se observar um novo estilo no cinema, o chamado "happy end", que viria então a contrastar com a ideia milenar da tragédia grega. Antes, o que se via era a imagem de um herói redentor, em que a infelicidade e o sofrimento estavam sempre presentes em sua vida. O sacrifício dos personagens inocentes seria ou a morte ou uma longa vida de privações, como é o caso do personagem Jean Valjean, em "Os Miseráveis". Órfão desde criança, extremamente pobre e sem conseguir emprego, um dia Valjean rouba um pão para comer e é condenado a cinco anos de trabalho forçado. Entretanto, os anos se multiplicam e o personagem não consegue sair de sua situação, percebendo após uma longa jornada que não fora ele quem cometera o crime, mas a própria sociedade, sendo ínfimo seu prejuízo comparado ao que o mesmo sofreu. 

Cena do filme "Os Miseráveis", de 2012, adaptado do livro de mesmo nome de Victor Hugo

Já no conceito de happy end, a ideia seria a de uma "irrupção da felicidade". Por este aspecto, o filme terminaria com todos os problemas do personagem sendo resolvidos, como uma espécie de contos de fadas.O herói passa a se tornar o alter ego do espectador e que, portanto, desejará apenas o sucesso e a felicidade do personagem. Nesse aspecto, Morin comenta que, paradoxalmente, quando o filme se aproxima da realidade, ele termina com uma visão mítica ao satisfazer todos os desejos do herói e oferecer uma felicidade eterna.


É possível observar este conceito no filme "O Diário de uma Paixão", do diretor Nick Cassavetes e lançado em 2004. O filme começa com um idoso que todos os dias comparece a um hospital para ler uma história a uma paciente com alzheimer. Allie, uma jovem rica, e Noah, um trabalhador braçal,se apaixonam nas férias de verão, mas são impedidos pela mãe de Allie de permanecerem juntos, devido à condição financeira de Noah. No final da história, mesmo após muitas complicações, os jovens conseguem se reconciliar na história, e então a paciente percebe que a história contada era na verdade a sua própria, e que o idoso seria Noah. Ou seja, ambos permanecem juntos e o filme termina com uma promessa de amor eterno.


Entretanto, algumas produções cinematográficas atuais fogem da regra de final feliz,  como é o caso do filme "O Espetacular Homem Aranha 2", de Marc Webb (2014). O filme trabalha os conflitos internos vividos por Peter Parker, o homem-aranha, enfatizando a relação amorosa do herói com Gwen Stacy, sua primeira namorada. Eles se amam, mas Peter não consegue lidar com duas vidas diferentes e o casal se separa. Porém durante o filme eles reatam, e o público é levado a acreditar que eles ficarão juntos no final e tudo correrá bem, até a personagem morrer em decorrência de um descuido do Homem-Aranha, o que causou muitas frustrações mas foi bem trabalhado para dar a ideia de que, apesar de situações difíceis, devemos seguir em frente e construir um caminho melhor.





Edgar Morin/Cultura de Massa no Século XX - Juventude

O filósofo francês Edgar Morin é considerado um dos principais pensadores contemporâneos, tendo publicado inúmeros livros, entre eles "Cultura de Massa no Século XX - O Espírito do Tempo", publicado originalmente em 1962. Nesse livro, o autor disserta sobre o fenômeno que se convencionou chamar de cultura de massa e seus efeitos na sociedade da época, estabelecendo conceitos relacionados ao tema.

Um dos conceitos apresentados por Morin, no capítulo "Juventude", diz respeito à valorização dos jovens, do novo, em detrimento dos anciãos, do velho. Morin diz que, nos tempos antigos, os mais velhos detinham autoridade e eram considerados sábios, mas que hoje em dia, essa sabedoria foi descartada, e figuras como o pai autoritário se desvanecem cada vez mais. Torna-se mais difícil, segundo ele, a identificação com a imagem dos pais, enquanto a identificação dos jovens com os modelos apresentados pela cultura de massa torna-se cada vez mais fácil. O filósofo cita como exemplo os filmes de heróis mitológicos, em que a paternidade dos mesmos não é importante, sendo deliberadamente ignorada. Esse modelo faz alusão a uma individualidade em relação aos progenitores, que pode, de fato, ser frequentemente observada em produções do tipo.

O conceito de valorização da juventude se estende, na verdade, até aqueles que se encontram já em um estágio mais avançado da vida. Homens e mulheres recorrem a todo tipo de tratamento que lhes possibilite, segundo o autor, camuflar o envelhecimento. Há uma crescente preocupação em estender o presente e adiar a velhice ou a morte, o que pode ser percebido, por exemplo, pelo aumento no número de cirurgias plásticas realizadas hoje em dia, ou pela procura dos mais variados tratamentos para o rejuvenescimento. Isso também se deve, é claro, aos novos padrões de beleza impostos pela mídia e a cultura de massa, em que ocorre uma valorização cada vez maior da sedução.


Dessa forma, os belos atores e atrizes do cinema (por sua beleza e glamour) ou o rock and roll (pelo sentimento de rebelião, de rompimento com o tradicional), constituem símbolos para a juventude contemporânea, que imita os penteados dos heróis hollywoodianos ou as poses dos astros de rock, numa verdadeira relação de projeção-identificação, em que esses modelos, ao mesmo tempo em que representam o que os jovens gostariam de ser, influenciam-nos a adotar certos comportamentos, muitas vezes vistos nas telas ou situações semelhantes. 


Elvis Presley e James Dean servem como perfeitos exemplos de figuras cujo comportamento exerceu influência na juventude das décadas de 50 e 60. Enquanto Elvis, com seu estilo ousado de dançar e se comportar nos palcos, conquistava admiração, James Dean, que é considerado, de fato, um ícone cultural, mostrava-se também muito popular, tendo sido considerado a melhor personificação da rebeldia e das angústias próprias da juventude em seu tempo. Dessa forma, Dean era, compreensivelmente, alvo da identificação de inúmeros jovens cujas angústias eram representadas pelo ator em seus filmes. Sua influência foi tão grande, que sua popularidade dura até os dias de hoje, embora tenha falecido ainda aos 24 anos de idade, em um acidente de carro, enquanto se dirigia para uma corrida, fato que serviu como uma verdadeira reafirmação da filosofia de vida "live fast, die young", da qual o mesmo parecia ser um símbolo. 



Atualmente, ainda são observáveis exemplos de personalidades que influenciam um grande número de indivíduos de uma determinada sociedade. Alguns dos principais são jogadores de futebol, que ao adotar um determinado corte de cabelo, estabelecem novos padrões estéticos ao serem imitados por jovens do mundo inteiro.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Bem-vindos ao blog das disciplinas Comunicação e Expressão Escrita II e Teoria da Comunicação II do curso de Jornalismo da FACOM-UFJF.

Bom trabalho!!
Gabriela Borges