terça-feira, 29 de abril de 2014

Stuart Hall - Globalização e Identidade Cultural

Stuart Hall foi um teórico cultural jamaicano que atuou no Reino Unido. Ele contribuiu com obras chave para os estudos da cultura e dos meios de comunicação, assim como para o debate político.


A globalização é um processo atuante numa escala global que atravessa fronteiras integrando e conectando pessoas e organizações. As identidades, devido esse movimento, estão se "desintegrando" por um lado, enquanto outras estão sendo reforçadas. O tempo e o espaço também são coordenadas importantes para o desenvolvimento desse sistema de representação. Hall cita que com isso, é possível observar o conceito de "Geometria do Poder" que consiste na desigualdade e má distribuição espalhadas pelo mundo, onde uns possuem grande acesso e variedade de informações e culturas, e por conseguinte, outras permanecem desinformadas e restritas a culturas de suas nações. 

Quantas opções você tem?

Em uma sociedade quantitativa e não qualitativa, a cada dia novas marcas tomam conta de nossos cotidianos e com isso, há uma gama imposta pelo mercado, que nos tornam mais consumistas e menos racionais. A quantidade não se restringe somente às marcas, mas uma consequência que a mesma ocasiona, as múltiplas identidades utilizando da "alteridade" para provar a existência do eu-individual só acontece devido ao contato com o outro, ou mesmo, com o que o outro possui.

Qual delas você escolhe?

A identidade passou de um conceito único e tornou-se em algo plurificado, com isso surge o Hibridismo, ou seja, um processo que "mistura" diferentes matrizes culturais e que em partes possui um aspecto positivo quando visto como tolerante ao conhecimento de novas culturas e negativo quando um percursor que apaga as tradições. 

A identidade Cultural e Glee



Muito abordada no seriado GLEE, o conceito de Identidade, cria o enredo e os conflitos que sustentam a mesma. Uma série que mistura música, drama e crítica social, trás para o cotidiano desses estudantes conflitos existenciais da identidade e personalidade de cada um. Ao englobar diversas temáticas diferentes para seus personagens, sem seguir uma linha continua padrão das sérias americanas, houve uma empatia coletiva por meio de seus expectadores. Assim, eles criaram uma identidade própria mesmo explorando várias identidades como por exemplo, o nerd, o gay, a estrangeira, entre outros, todos se encaixam numa mesma identidade. 


No episódio "Born this way" eles aceitam suas diferenças e "imperfeições" para que com elas, sejam capazes de não só combater o bullying (muito presente no contexto da série) mas também para se afirmarem como pessoas. Com o mesmo objetivo da versão original interpretada por Lady Gaga "ser diferente é normal" e torna cada um único e especial. 
Como no trecho da música:
"Eu sou linda do meu jeito
Pois Deus não erra
Eu estou no caminho certo, baby
Eu nasci assim"

Trabalho feito por: Luiza Dias GonçalvesMatheus Bertolini AmorimRuth Flores Gonçalves

sábado, 26 de abril de 2014

Marshall McLuhan

               O professor canadense de literatura, Marshall McLuhan, fez uma abordagem polêmica e inédita dos meios de comunicação, tornando-se um dos grandes teóricos da área. Mesmo sendo questionado por outros teóricos da comunicação, McLuhan continua sendo revisitado por estudiosos.
                  Um dos teóricos que questionaram o pensamento mcluhiano, foi Umberto Eco. Uma das ideias postas em dúvida pelo italiano foi a afirmação "o meio é a mensagem". Para Eco ninguém controla o modo como o destinatário usa a mensagem, salvo em casos raros e que McLuhan não fornece respostas às questões das mensagens veiculadas pelos meios de comunicação e o poder que eles têm.
                Um conceito de McLuhan é o dos meios de comunicação como extensão do homem. Segundo ele, os meios seriam como próteses do corpo humano, precisamos deles para suprir necessidades. Um exemplo é o da relação de dependência que a sociedade atual tem com a Internet e artefatos como smartphones. Além disso, os meios de comunicação configuram nossas relações sociais. Em nosso cotidiano, falamos sobre as atrações da televisão, por exemplo.


                  Sobre "O meio é a mensagem", nesse conceito McLuhan focaliza a forma como uma mensagem é construída em um meio. E a mensagem de um meio é outro meio: a da escrita é a fala; a da imprensa é a linguagem escrita; a do telégrafo é a palavra impressa.
                    McLuhan divide os meios de comunicação entre quentes e frios. Meios quentes são aqueles que prolongam um sentido humano em alta definição (com alta saturação de dados). O rádio, a fotografia e o cinema são exemplos de meios quentes. Já os meios frios são os que têm baixa definição e, portanto, exigem que os receptores preencham o enunciado. São exemplos de meios frios o desenho animado, o telefone e a TV (deve-se considerar que na época em que essa ideia foi proposta, a imagem da TV tinha muito menos definição do que hoje). Atualmente, podemos considerar a TV como um meio quente. As imagens são ricas em detalhes, principalmente em programas transmitidos em alta definição. Nas novelas, por exemplo, conseguimos ver detalhes dos rostos dos atores: marcas de expressão, rugas, se há excesso de maquiagem ou de procedimentos estéticos. O mesmo se pode dizer de filmes e séries de TV que abusam dos efeitos especiais: não nos deixam margem pra imaginação, os efeitos são muito realistas. Em comparação com a TV e o cinema, o rádio hoje é um meio frio. Precisa de uma linguagem nítida, para que o ouvinte veja a cena relatada pelo locutor.
                    O conceito de Aldeia global expressa bem o mundo do século XXI. As transformações tecnológicas possibilitaram que pessoas de diferentes locais compartilhassem os mesmos produtos culturais. Assim, o homem voltou a se encontrar em uma aldeia tribal (local que partilha a mesma cultura), mas em escala planetária: a aldeia global. As redes sociais exemplificam bem isso em dias de premiação. Eventos como o Oscar, que acontece nos Estados Unidos, são comentados por pessoas de diferentes partes, que assistem à premiação pela TV ou pela Internet. Uma festa americana que repercute em diversas partes do mundo.
Aldeia global: Selfie do Oscar - o conteúdo mais compartilhado da história do Twitter é assunto na imprensa internacional
                                                                     

          

sexta-feira, 25 de abril de 2014

McLuhan: As extensões do homem

Marchall McLuhan desenvolveu seus estudos baseando-se nas evoluções ocorridas na época em que vivia, basicamente nas décadas de 1950 e 1960 onde começou o desenvolvimento tecnológico. McLuhan buscou entender em seus estudos, qual era os efeitos das novas tecnologias social e psicológica na vida dos indivíduos.

Em suas obras, McLuhan aborda de maneira inovadora os efeitos dos meios de comunicação na sociedade. Em seu livro, "Os meios de comunicação como extensão do homem" o autor estuda a tecnologia como próteses, ou seja, como extensões do corpo humano que utilizamos como artefatos indispensáveis. Um exemplo bem claro nos dias de hoje é a utilização da internet, computadores, celulares entre outros, visto que essas tecnologias estão se tornando um elemento básico para a convivência em sociedade.

Com esse desenvolvimento tecnológico, McLuhan  desenvolveu o conceito de "aldeia global" onde tais tecnologias tem a capacidade de encurtar as distâncias, tornando o mundo numa grande aldeia, onde há compartilhamento de culturas, hábitos e costumes.

 Além desse conceito bastante inovador, McLuhan criou a máxima " O meio é a mensagem", que se foca nas mudanças que o meio provoca na sociedade  em que a mensagem é transmitida, inovando mais uma vez em seus estudos, pois anteriormente era muito estudada a mensagem. O meio era a própria mensagem. Um exemplo bem claro seria a adaptação de um livro, para o cinema, a mensagem passada nem sempre é idêntica a inicial. O filme "Alice no país das maravilhas" retrata tal diferença. As ilustrações iniciais no livro escrito por Levis Carrol, até os atores no filme lançado em 2010 demonstram que de acordo com o meio em que se passa a mensagem ela se diferencia.


 Os meios também poderiam se classificar como quentes ou frios; para McLhan, os frios eram os que é aquele que prolonga em baixa definição, fornecendo pouca informação e abrindo um enorme espaço a ser preenchido e completado. Como exemplo o telefone e mensagens SMS. Já os meio quentes são meios fechados, sem interação com os receptores, é o caso da TV analógica, em que o telespectador apenas assiste a um determinado programa, sem o poder de interferência. Quando se opta pela utilização de um meio quente no lugar de um meio frio, gera uma lacuna, já que o meio quente não abre espaço para uma resposta do receptor, com isso é necessária a adaptação do meio. Isso McLuhan chama de " Reversão do meio super aquecido".

Os estudos de Marchall McLuhan chamam a atenção, principalmente, para a necessidade humana de criar extensões de si mesmo de tal maneira que se torna dependente dessas extensões, causando um desequilíbrio. 



 “No final do século XX, neste nosso tempo, um tempo mítico, somos todos
quimeras, híbridos – teóricos e fabricados – de máquina e organismo; somos, em
suma, ciborgues. O ciborgue é a  nossa ontologia; ele determina a nossa política. O
ciborgue é uma imagem condensada tanto da imaginação quanto da realidade
material;”
 Donna Haraway, Manifesto Ciborgue


McLuhan

MARSHALL MCLUHAN



Marshall McLuhan; educador e teórico da comunicação.  Nasceu em Edmonton, 21 de julho de 1911, morreu em Toronto, 31 de dezembro de 1980. 

Seu estudo foca principalmente na adaptação do homem as necessidades que o próprio cria através de sua evolução técnica, que é proveniente de um esforço para se manter frente a um mundo de mudanças cada vez mais rápidas. McLuhan entende que as tecnologias voltadas para a área da comunicação são aprimoramentos dos seus sentidos básicos, como próteses. A partir dessa premissa busca compreender os efeitos que essas tecnologias causam no social e no psicológico humano.

A evolução dos meios de comunicação:

McLuhan analisa os meios de comunicação de uma perspectiva evolutiva e os divide em "frios" e "quentes".                                                                                                                                                
Frios são os meios que exigem uma participação sensorial maior do interlocutor e a informação é mal definida, como a na TV. 
Quentes são os meios que utilizam essencialmente de somente um sentido e sua informação é bem definida, o rádio é um exemplo.

E a perspectiva evolutiva? Para McLuhan, o surgimento de um novo formato de comunicação constitui em uma configuração social nova, assim:

"O meio é a mensagem."

Com isso diz que cada meio tem seu formato único de transmissão, o conteúdo são as mudanças sociais acarretadas. De acordo com ele atualmente vivemos a "civilização da eletricidade." Com as ferramentas comunicacionais que a energia elétrica fornece temos a interação de forma quase instantânea entre todo o globo o que leva ao desenvolvimento do conceito de aldeia global.

Aldeia Global:

Temos a comunicação instantânea e bidirecional em um espaço de convergência, é o Mundo interligado em todos os sentidos, políticos, sociais e econômicos. Um exemplo claro de um meio de comunicação que facilita essa interligação é a internet.

As ideias de McLuhan se mostram presentes no nosso cotidiano, na forma como utilizamos os meios de comunicação e como os moldamos e eles a nós. Da necessidade surge o meio, do meio uma configuração social, dessa um novo meio, que não necessariamente leva a inexistência do anterior, são formas diferentes, sentidos diferentes. Na busca de um entendimento do que, em nossos tempos de globalização, nos mantem concisos e "funcionais" creio que as indagações e teorias de McLuhan se encaixem perfeitamente.
Um perfeito exemplo da aplicação de suas teorias é visto os sites de discussão como o Reddit, ou em rádios onlines, como o superplay e nos famosos canais no youtube. 


"Para o homem primitivo, a noção de espaço era um mistério incontrolável. Para o homem da era tecnológica é o tempo que tem esse papel." 
Marshall McLuhan






Bibliografia: McLuhan, M. "Os meios de comunicação como extensão do homem."
                   McLuhan, M. "Visão, som e fúria." 



terça-feira, 22 de abril de 2014

Stuart Hall e a Identidade cultural na Pós-Modernidade

Stuart Hall um teórico cultural que publicou o livro “A identidade cultural na Pós-Modernidade” onde chama a atenção para a discussão em torno da chamada “crise de identidade” que vem fazendo com que o sujeito tido como unificado se apresente deslocado por conta das transformações da sociedade ocorridas em escala global.


Passa pelos conceitos de identidade ilustrando o sujeito do Iluminismo que tinha como base o conceito de centralidade no homem e sua racionalidade. Já o sujeito sociológico é caracterizado por sua capacidade de interação com o mundo e o sujeito pós-moderno seria composto por várias identidades.


Ao tratar das características de mudança da modernidade tardia, dando ênfase a globalização, destacando que as sociedades modernas não contam com um centro organizador. O conceito de identidade passa a ter caráter diferenciado em relação à identidade iluminista e sociológica, já que desloca estabilidades e permite o surgimento de novas identidades que são abertas, contraditórias e plurais.Ao abordar as culturas nacionais como comunidades imaginadas, Hall explica o sujeito fragmentado e suas identidades culturais. 


A nação pode ser entendida como um sistema e representação cultural que excede a noção de legitimidade do ser social, porque as pessoas não são somente cidadãs, já que dividem uma série de significados como narrativas, discursivas e mitos fundacionais. Deste modo, os diferentes membros das culturas nacionais, independendo sua raça, classe e gênero seriam unificados numa única identidade cultural. Ao trazer essa identidade cultural para o Brasil, podemos citar o que caracteriza nosso país como carnaval e futebol. Mas não necessariamente toda a população compartilha desses gostos e habilidades.





Hall questiona esta noção unificadora da cultura nacional, assegurando que grande parte das nações foram formadas por um processo violento de conquista de diferentes povos e diferentes culturas.


Destaca que a globalização se caracteriza por atravessar as fronteiras nacionais tornando o mundo mais unificado. Assim, suas consequências sobre as identidades culturais são a da homogeneização cultural pós-moderna, manifestações de resistência à globalização por identidades nacionais e locais e decadência das identidades nacionais possibilitando o advento das novas identidades. Contudo, o autor aponta que a ideia de homogeneização das identidades é muito simplista. A outra face da globalização consiste sobre a consequência do efeito pluralizador das periferias, ou seja, onde a tradição, estável, é provocada pela tradução cultural onde é possível ter a intensificação de identidades locais ou à nova produção de identidades.


Stuart Hall- Identidade Cultural


    Stuart Hall, foi um teórico cultural jamaicano que atuou no reino Unido. Ele contribuiu com obras chave para os estudos da cultura e dos meios de comunicação, assim como para o debate político.


    De acordo com Hall, uma identidade cultural enfatiza aspectos relacionados a nossas culturas étnicas, raciais, linguísticas, religiosas, regionais/nacionais. Hall focaliza particularmente as identidades culturais referenciadas ás culturas nacionais. Para ele, a nação é além de uma identidade política. O estado, ele é um sistema de representação cultural. Em outras palavras, a nação é composta de representações e produzem sentidos com os quais podemos nos identificar e constroem, assim, suas identidades. Esses sentidos estão representados em histórias, memórias e imagens que servem de referências, de nexos para a constituição de uma identidade de nação. Porém, Hall disse que, vivemos atualmente em uma "crise de identidade" que é decorrente do amplo processo de mudanças ocorridas nas sociedades, abalando os antigos quadros de referências que proporcionavam aos indivíduos uma estabilidade no mundo social. Conforme ele, as paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça, e nacionalidade não mais fornecem "sólidas localizações" para os indivíduos. O que existe agora é um deslocamento e ausência de referentes fixos ou sólidos para as identidades, inclusive as que se baseiam numa ideia de nação. 
    O próprio Hall , nasceu em Kingston, na Jamaica, em 1932, mas se mudou para o Reino Unido em 1951. Ele diz que nações modernas são "híbridos culturais". As pessoas sofrem influência cultural do meio onde vivem, com as pessoas que se relacionam, havendo um conflito de identidade. 

terça-feira, 8 de abril de 2014

Edgar Morin: Cultura de Massas no Século XX

Edgar Morin, filósofo e sociólogo francês, publicou em seu livro “Cultura de massas do século XX” uma reflexão sobre a interação da mídia com o emocional dos espectadores. O termo “Projeção-Identificação” aparece nesse contexto, onde um indivíduo projeta seus desejos em um personagem, por exemplo, e assim se identifica com ele. O happy end, o final feliz do herói simpático, se faz necessário nesse momento onde o espectador quer que o seu objeto de projeção tenha um destino feliz para que esse possa se sentir da mesma forma. As tragédias gregas e gêneros anteriores não trabalhavam com esse tipo de estruturação visando o público. A identificação com esses heróis é tão forte que os filmes passaram por grandes mudanças para se adequarem ao novo espectador, agora emocionalmente conectado ao filme.
As celebridades responsáveis por dar vida a esses personagens também tem sua vida pessoal envolvida pela curiosidade do público e sua constante observação. Tornam-se então os “Olimpianos”, seres que vivem em um lugar separados dos demais e possuem uma vida endeusada por quem os segue. São modelos de cultura, modelos de vida. A ideia de felicidade é o ponto central na imagem dessas pessoas e, em muitos casos, essa é forjada para a aceitação e fama do artista envolvido. Podemos tomar como exemplo Marilyn Monroe, uma das maiores e mais conhecidas atrizes de Hollywood, teve seu nome e estética mudados para tornar-se famosa. Sua vida tinha a aparência do glamour hollywoodiano, porém, mais tarde, se soube que a atriz vivia uma realidade diferente da vista pela mídia, sofrendo de depressão por anos.


A mesma projeção ocorre no caso da violência, em que o homem comum extravasa o estresse e a violência contida no seu cotidiano, consumindo filmes e outras fontes de mídia onde se pode projetar uma vida sem restrição de leis, sem repressão e censura e onde não se tem medo de nada. O homem comum volta para casa após mais um dia no trabalho, mais um dia de rotina, e se torna uma valente e destemido herói ao ligar sua televisão.

Grupo: Carla Gonçalves, Mariana Dias, Pedro Soares

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Michel Foucault- Panoptismo e o Grande Irmão


O filósofo Michel Foucault, em seu livro Vigiar e Punir, publicado em 1975, apresenta uma reflexão voltada para o modelo do panóptico, utilizado principalmente em prisões, e sua influência psicológica sobre quem ali se encontra, contexto semelhante ao narrado no livro 1984 de George Orwell, publicado em 1949.
O modelo panóptico, criado por Jeremy Bentham, consiste em celas que formam um anel ao redor de uma torre de vigilância. A partir desse formato é possível manter uma constante observação dos presos. Esses tipo de vigilância também ocorre ao personagem Winston Smith, apesar deste não ser um prisioneiro declarado, sendo ele um homem comum, que reside em Oceania, uma das três partes em que o mundo foi dividido, e trabalha para o Ministério da Verdade modificando ou apagando informações de acordo com o interesse do governo totalitarista, comandado pelo Grande Irmão. Um dispositivo chamado teletela, que tem por principal função vigiar os habitantes para que não traiam a confiança do Grande Irmão, se encontra em todos os cômodos das casas e no trabalho. Nas ruas o policiamento é feito pelos próprios cidadãos. Quando há suspeita de que alguém está pensando de forma que contradiga o Grande Irmão é chamada a Polícia do Pensamento e esse indivíduo é levado para o Ministério do Amor para que sua maneira de pensar seja adequada à do partido.


  Assim como a teletela, o panóptico não permite que o vigiado veja quem o está vigiando. O Grande Irmão nunca foi visto pessoalmente, somente uma ilustração em cartazes com seu rosto ilustrado e uma aviso de “O Grande Irmão está vigiando” é o que a população tem acesso. O guarda da torre se encontra na mesma posição. Dessa forma, segundo Foucault, o poder se torna visível já a ideia de vigilância é sempre lembrada porém é inverificável, pois não se sabe quando essa vigia ocorre. A finalidade desse sistema é atingida quando o objeto da observação está em um estado consciente e permanente de visibilidade, assegurando o funcionamento automático do poder.

domingo, 6 de abril de 2014

Michel Foucault - O Panoptismo e as formas de controle na sociedade

  Michel Foucault foi um professor e filósofo francês que na segunda metade do século XX realizou amplos estudos, críticas e pesquisas a temas diversos como as instituições sociais, o poder e os processos de subjetivação do sujeito. A maior parte de seu trabalho é fundada sobre a tendência pós-estruturalista, termo que indica de certa forma a superação do estruturalismo, e assim, a rejeição de definições que pretendem ser verdades absolutas sobre o mundo.
  Em seu livro Vigiar e Punir, Foucault reflete sobre a questão do panóptico, uma estrutura prisional que se estabelecia em uma torre no centro, comandada por um vigia, que controla  os presos nas celas dispostas em forma de anel a seu redor. Os presos, por sua vez, são vigiados mas não podem ver nada. A partir dessa analogia, o autor traça os aspectos de uma sociedade panóptica, muito marcada pela disciplina, controle e  vigilância, exercidos por aqueles que estariam no centro e no topo. Como forma concreta dessa disciplina, são impostas regras a todos os homens com o objetivo de formatá-los de maneira homogênea fazerem agir de acordo com o que o sistema deseja.   
         

   A questão do controle, da imposição ideológica e da aculturação pode ser relacionada à forte influência dos meios de comunicação de massa no pensamento da sociedade. A saga de livros e filmes Jogos Vorazes ilustra bem como a mídia e a televisão podem funcionar como uma forma de controle, conseguindo se equiparar ao poder governamental do Estado, ou, como no caso da obra,até extrapolá-lo, podendo ser responsável por decidir diretamente sobre a vida humana.
  Jogos Vorazes mostra como seria a realidade de um país distópico, chamado Panem, em um mundo pós guerra. O país é dominado por uma metrópole tecnologicamente avançada chamada Capital, que realiza anualmente os Jogos Vorazes, para que as pessoas sempre se lembrem da revolta que aconteceu vários anos atrás. Os Jogos são um lembrete do poder da Capital: nesses Jogos, um garoto e uma garota, entre doze e dezoito anos, de cada um dos doze distritos do país são selecionados através de uma "colheita" para participar de uma batalha televisionada em uma arena da qual apenas um deles deve sair vitorioso e sobreviver.




Viagiar e Punir - "O Panoptismo" Michel Foucault/ É visto, mas não vê, o panóptico BBB.


O livro de Michel Foucault é uma análise dos mecanismos teóricos e sociais que motivou várias das grandes mudanças que se produziram nos sistemas penais do ocidente durante a era moderna. Dedica-se ao detalhamento da vigilância e da punição, utilizadas em entidades estatais como hospitais, prisões e escolas. Direciona seu foco também para vários documentos históricos franceses, mas as questões sobre as quais se debruça não deixam de ser relevantes para as sociedades contemporâneas. É uma obra que teve grande influência em intelectuais, políticos, ativistas sociais e artistas.


Em sua obra Vigiar e Punir, na qual trata do Panoptismo (cap. 3), Foucault analisa o poder disciplinar na sociedade moderna, tratando das formas de pensamento como relações de poder, que geram coerção e imposição. 
O panoptismo corresponde à observação total, é a tomada integral por parte do poder disciplinador da vida do indivíduo. Ele é vigiado durante todo o tempo, sem que veja o seu observador, nem que saiba em que momento está a ser vigiado. Aí está a finalidade do Panóptico.
“... induzir no detido um estado consciente e permanente de visibilidade que assegura o funcionamento autoritário do poder. Fazer com que a vigilância seja permanente nos seus defeitos... que a perfeição do poder tenta tornar inútil a atualidade do seu exercício...”
Foucault, pág 166


Exemplos do panoptismo foucaultiano na sociedade contemporânea são vários. O programa televisivo Big Brother Brasil, da rede Globo, por exemplo, relembra a estrutura de Bentham do século XVIII – “ver sem ser visto”. Os participantes ficam confinados dentro de uma casa, observados por dezenas de câmeras e milhões de pessoas. 

Esse "panoptismo moderno", o BBB, confina um número variável de pessoas (dependendo da edição pode ter até 20 pessoas) em uma casa cenográfica onde são viagiadas 24 horas por dia sem nenhum contato com familiares, amigos ou qualquer outro meio com que possam obter informações. 
A casa mais vigiada do Brasil conta com quase 40 câmeras, inclusive no banheiro, mas esta fica desligada. Ela só é ligada quando duas ou mais pessoas entram no banheiro ao mesmo tempo. Não pode haver lugar na casa ao qual a produção ou direção não tenham acesso. 
Os jogadores não podem se comunicar de forma não verbal ou em outro idioma, sendo proibido, também, andar sem microfone e cochichar. 
Inclusive as relações entre os participantes se assemelham às descritas por Foucault. Os mais disciplinados constroem uma imagem positiva, transmitida para a sociedade externa, que funciona como juíza. Aqueles que transgridem, que se rebelam, são literalmente eliminados. E o programa segue, promovendo seu auto funcionamento por um processo de seleção.





" O detento nunca sabe se está sendo observado, mas deve ter certeza de que sempre pode sê-lo"