sábado, 31 de maio de 2014

Canclini: consumo serve para pensar.

O antropólogo Nestór Garcia Canclini, em seu livro "Consumidores e cidadãos", discute o processo de globalização e as modificações que ocorrem em função das negociações identitárias. O cerne deste livro está em compreender o consumo não como apenas a aquisição de produtos, mas como forma de exercer cidadania e de significação da vida social. Desta forma, o autor compreende a utilização de produtos para se pensar o próprio corpo.

Outro aspecto abordado por Canclini é a questão da identidade nacional negociada com a internacional, o que gera a hibridização entre culturas. Segundo ele, essa mistura é percebida claramente no consumo dos setores populares que, sem deixar de compreender os símbolos da cultura local, são capazes de compreender elementos do imaginário que a publicidade e a televisão reúnem.

Nisto, o autor reformula as perguntas que são feitas quando se pensa o consumir. Para ele, consumo não é um ato irrefletido, ideia ligada a noção de onipotência dos meios colocados como manipuladores. Canclini argumenta que o ato de consumir é muito mais complexo do que esta noção do senso comum.



Ao invocar os estudos antropológicos sobre rituais no capítulo "O consumo serve para pensar", o autor destaca as celebrações como algo que serve para "conter o curso dos significados" e classifica o consumo como algo que faz parte de uma racionalidade sociopolítica.

Levando em consideração o aspecto simbólico dos bens, pode-se associar o movimento atual do 'funk ostentação', que na maioria das vezes é cantada por jovens da periferia que utilizam em suas letras marcas e produtos que estão fora da classe e universo em que vivem. Segundo Canclini, o que rege a lógica de se apropriar de bens de difícil acesso, ou seja, produtos que distinguem a pessoa que o usa, não é a necessidade, mas a "impossibilidade de que outros os possuam". Para que essa diferenciação aconteça é preciso que os outros membros compartilhem do significado destes bens, ou nas palavras dele: "Um carro importado ou um computador com novas funções distinguem os seus poucos proprietários na medida em que quem não pode possuí-los conhece o seu significado sociocultural."

Canclini também levanta a questão do consumo não como" um simples lugar de troca de mercadoria", mas como um local onde há interações socioculturais mais complexas. Com isso, quando um indivíduo adquire um produto, também está pensando seu lugar no mundo e não somente satisfazendo uma necessidade. Utilizando o exemplo do funk ostentação é possível que se pense como um movimento que tem função política, pois ao comprar algo também se está enviando uma mensagem. O que esses meninos e meninas de periferia podem estar querendo dizer é que por muito tempo foram marginalizados e agora desejam obter o status da classe média alta utilizando mercadorias características deste grupo, desta forma, conquistar bens que os distanciem da realidade para a qual foram excluídos.



sexta-feira, 23 de maio de 2014

Canclini e seus consumidores e cidadãos

Atualizado! Néstor García Canclini é um professor e antropólogo argentino contemporâneo. O seu trabalho tem como foco principalmente a cultura e a pós-modernidade através do ponto de vista latino-americano. É considerado um dos mais importantes em comunicação, cultura e sociologia da América Latina.



Em seu livro “Consumidores e Cidadãos” ele discute sobre as relações entre consumo e cidadania a partir da análise cultural perante os processos de globalização. Se apresenta como uma investigação sobre como as mudanças na maneira de consumir alteram o exercício da cidadania, notando que a maioria das perguntas dos cidadãos são respondidas mais pelo consumo privado de bens e dos meios de comunicação de massa do que pelas regras da democracia ou da participação coletiva em espaços públicos.

Um dos pontos mais abordados no seu livro é o significado de consumo, mas não o seu significado teórico, mas como esse consumo é abordado na prática. Ele diz que: “O consumo é o conjunto de processos socioculturais em que se realizam a apropriação e os usos dos produtos”.  Ou seja, é nesse jogo entre desejos e estruturas que tanto as mercadorias e o consumo servem também para ordenar uma sociedade politicamente. O consumo é um processo em que os desejos se tornam demandas e atos sociais regulados.

No capítulo “Narrar o Multiculturalismo”, Canclini sugere uma discussão sobre o estado atual do multiculturalismo e o seu funcionamento. Ele diz que a cidade o interessa não só como objeto de conhecimento, mas também como cenário onde se imagina e se narra. E por conta de globalização, as cidadãs atuais não podem ser narradas ou descritas como antigamente. E é nesse momento que ele nos apresenta o conceito de “flaneur”, que seria percorrer itinerários urbanos como um modo de se entreter associado à espetacularização no consumo.


 O consumo é simbólico, e é muito presente na sociedade contemporânea. Consumir tudo que aquilo significa. É consumir aquilo que acha que precisa e que deseja sem realmente consumir, sendo apenas a ilusão desse consumo necessário. Seria o consumo de uma marca e não de um produto. Ou seja, é uma forma de comunicação, que constituem um código a ser compartilhado, seja como forma de diferenciação social, onde esse consumo ordena a classificação social. 
Um exemplo de consumo simbólico é o consumo de marcas consideradas ‘famosas’. Não há um consumo pelo produto real e muitas vezes, nem pela qualidade dele, mas sim pelo que aquela aquisição vai trazer para a pessoa na vida social e cotidiana. Que tipo de status aquele produto pode proporcionar para a pessoa e hoje em dia é cada vez mais comum ver pessoas, principalmente jovens, consumindo simbolicamente esse ‘status’ da marca.
 Para muitos, ter certo produto de certa marca pode os elevar a outro patamar, a um andar superior na escada para o alcance do sucesso. E mais uma vez, o consumo se torna um processo sociocultural e também se torna uma forma de espetáculo. Mais ninguém consome para si mesmo, as pessoas consomem para o outro, para obter aprovação do que ou de quem elas consideram superiores. 



segunda-feira, 19 de maio de 2014

Análise da crítica OS SIMPSONS: A mensagem por trás da crítica ao Brasil. Por Sidimar Rostan


A crítica apresentada por Sidimar Rostan em 06/11/2012 no site Observatório da Imprensa é feita a partir da análise do episódio “Blame It On Lisa”. Presente na 13ª temporada de “The Simpsons”, foi exibido originalmente em 31 de março de 2002 pelo canal Fox (Fox Broadcasting Company) nos Estados Unidos. O seriado de animação surgiu como convidado especial no programa The Tracey Ulman Ullman Show e logo a família, criada por Matt Groenning, ganhou seu espaço próprio na TV, no dia 17 de dezembro de 1989.
Conhecido por satirizar o estilo de vida estadunidense, o programa exibiu o episódio em questão e causou polêmica ao utilizar o humor já conhecido da série para “brincar” com o Brasil, assim como fez com vários outros países no decorrer de sua exibição. A produção foi mal recebida pelas autoridades brasileiras, que ameaçaram processar a Fox. No entanto, o roteirista Bob Bendetson recebeu uma indicação ao Writers Guild of America Award pelo episódio, que virou fonte de estudos acadêmicos nos Estados Unidos e no Brasil, onde foi censurado por pressão da Riotur (Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro) e com o apoio do governo Fernando Henrique Cardoso. O jornalista diz que a tal censura prejudica o espectador e não chegou a ser contestada nem mesmo pelo canal Fox porque visa a audiência de seus principais expectadores da América Latina.

Segundo Rostan, o desenho foi interpretado como uma reduzida visão do contexto brasileiro representado em outros países, tendo como base o carnaval, futebol e o samba. Mas acima de uma analogia ao subdesenvolvimento, há um retorno do que se repete da ordem problemática social. O processo constante de hironia presente em “The Simpsons” é caracterizado como hiper-cinismo por Carl Matheson, um dos autores do livro Os Simpsons e a Filosofia (2003). A abordagem irônica do próprio cinismo apresentada incomodou autoridades, mesmo não sendo inédita, ao ponto que a segurança pública há muito se apresenta passiva, deixando margem à referência da síndrome de Estocolmo, vivenciada por Homer no capítulo ao encontrar segurança junto aos seus sequestradores, no Rio de Janeiro.

“O objetivo da crítica não é com toda a certeza ser conveniente e amável, nem para o leitor nem para o autor da obra, entregando-se a lugares-comuns. Tem de ser, pelo contrário, o de servir a inteligência do leitor, contrariando a preguiça das ideias feitas, que são precisamente o oposto – diria mesmo militantemente inimigas – da reflexão, do conhecimento, do estudo, do pensamento elaborado.” (TORRES, Eduardo C. Ler Televisão, Celta Editora 2008, pág 9)
Considerando tal conteúdo, o jornalista viabiliza a conexão do cenário de “Blame It On Lisa” com o rompimento de estereótipos, a partir da revelação de um país que não é ingênuo nem passivo. O Rio de Janeiro, simbolismo de uma sociedade imediatista, é colocado acima de um objeto de humor gratuito, devido à incoerência de desejo de uma sociedade economicamente próspera com sua auto-projeção e tramas particulares.


Devido à insegurança consequente dos atentados terroristas, (ao considerar a exibição do episódio logo após) é feito um comparativo social visualizando o vínculo historiográfico entre a capital carioca e Estados Unidos que ao globalizar cenários regionais, faz-se comum o terror da violência. Sidimar Rostan considera ainda que o capitalismo alimenta a desigualdade social, patrocinando inúmeras formas de atentados à vida e à liberdade em contraponto ao enquadramento da família Simpson. Logo, o antagonismo é interno, uma vez que forças opostas são estabelecidas e reconhecidas individualmente a partir de cada perspectiva da nação. Ele ressalta a histórica valorização da Corte portuguesa em detrimento à essência da guerra, tal como a comum exaltação do “American way of life”. Enquanto a ideologia da luta brasileira estiver baseada no conteúdo expostamente ironizado por “The Simpsons”, a alienação se sobressairá ao crescimento do país.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Análise da crítica de Maurício Stycer sobre a novela “Além do Horizonte”




Maurício Stycer começa a crítica afirmando que Além do Horizonte foi a novela das 7 com menor índice de audiência e questiona: “Foi um fracasso porque era ruim ou porque apresentou algo inesperado e indesejado pelo público deste horário?”. O crítico defende a ideia de que Além do Horizonte não fez sucesso no Ibope porque quebrou padrões com os quais o telespectador está acostumado, mas, para ele, essa ruptura traz benefícios tanto para a produção televisiva, como para o público, que ganha variedade – algo cada vez mais difícil de ser encontrado na “telinha”. Para reforçar esse argumento, ele cita a fala de Marcos Bernstein, um dos autores: “A gente provou que é possível fazer além da comédia. É mais uma alternativa para o horário. É bom tanto para autores, que podem criar em outro gênero, quanto para o público que tem uma alternância. Tem espaço para comédia, romance, aventura… É bom ter variedade.''.

Stycer propõe uma “reflexão menos simplista” sobre o resultado do Ibope. Ele sugere ao leitor que pense em títulos de qualidade inferior e que tiveram maiores índices de audiência e, assim, argumenta que audiência não é sinônimo de um bom produto televisivo. Ao fazer o leitor pensar em exemplos, ele cria uma interação que acrescenta certa intimidade e dinamicidade. Isso também pode ser percebido pela linguagem fácil e direta do texto, construído em primeira pessoa e dirigido ao público comum.


O crítico elogia a novela como um todo, comentando boas interpretações, roteiro e, principalmente, a inovação dos autores, mas não se aprofunda muito nas questões técnicas. A crítica pode ser considerada positiva, pois seu principal objetivo é levantar questões importantes sobre a programação da TV, cada vez mais padronizada, com formatos sempre iguais. E, principalmente, a cobrança do público, através dos índices de audiência, que condiciona a programação à mesmice. “Mas espero, em 2014, que a reação negativa não influencie outras decisões ousadas e necessárias, seja da própria emissora, seja das suas concorrentes."


quinta-feira, 15 de maio de 2014

Análise da crítica de Tiago Ferreira ao "Wasting Light" do Foo Fighters

Em 2011, o jornalista Tiago Ferreira teceu uma crítica para o site "Na mira do groove" ao álbum Wasting Light. O texto começa com um breve histórico da banda, focando principalmente no líder (e durante o primeiro álbum, o único membro) da banda, Dave Grohl.

De acordo com o jornalista, Dave Grohl se reinventou, fugiu da imagem de "baterista do Nirvana" ao mudar completamente seu estilo musical. Ele diz que o Foo Fighters traz um som mais pop, e durante um tempo, essa imagem foi a responsável por manter viva o rock.


O álbum "Wasting Light" vem com uma carga de conhecimento muito grande acumulada por Grohl, que já tocou com diversas bandas de diversos estilos. Tiago Ferreira diz que o álbum vem como uma mistura de o que o público pede e o que a banda quer.


Então, depois de história, vem o atual: O álbum em si. Grohl resolveu voltar às origens e o eleito pelo jornalista  melhor álbum da banda foi todo gravado em garagem. As mixagens foram feitas pelos próprios membros e o álbum começa com mostrando a que veio. Um disco pesado, mais compatível com a imagem de Grohl do que com a imagem dos fãs. O disco flerta com Heavy Metal com a música "White Limo" gravada com o vocalista do Motorhead, Lemmy Kilmister e foi eleita pelo jornalista como a melhor música do álbum.

Ele também destaca uma pequena volta ao Grunge com a faixa "Arlandria", e depois uma volta ao estilo original da banda com "Back and Forth, além de ter emplacado clássicos como a música "Walk".

A crítica é muito positiva e diz que o peso faz bem ao Foo Fighters, que é uma banda versátil e tem potencial para seguir o caminho que quiser.


Túlio Mattos Pires

Análise da crítica feita por Marcelo Forlani para o site Omelete em 2 de novembro de 2001.

                                            
Marcelo Forlani, já no subtitulo, deixa transparecer seu entendimento sobre a obra: “um sonho de filme em forma de pesadelo”; qualidade e essência.
Sua análise é introduzida a partir do nome do criticado, fazendo a diferença entre o ritmo do filme (sufocante, agitado) e o significado de "Requiem" (descanso).

O decorrer de seu texto demonstra o impacto que “Requiem” causou no autor. A utilização de vários advérbios de intensidade mostra que não foi pequeno. E está ai a maior força argumentativa de seu texto. A forma como descreve o que sentiu nos leva a querer assistir, (ou não), pois fica claro que o objetivo da película está em mexer com o espectador de uma forma profunda, revirando o que temos de pesado em nosso interior.

Forlani discorre sobre a utilização dos cortes (rápidos), os planos de cinegrafia (“clip” e divisão), a trilha sonora (uma única música que é alterada) e  como esses elementos contribuem para o clima “angustiante”. Compara o diretor, Darren Aronofsky, a um DJ, capaz de alterar a “batida” com maestria.

Em sequência, conta um pouco sobre o estilo do diretor  e faz rápidas comparações com outras obras, chegando ao consenso de que é muito difícil comparar o filme por este fugir dos clichês Hollywoodianos. Em um ultimo momento escreve sobre os atores elogiando as escolhas e atuações.


Talvez pela dificuldade de comparação não foram tecidas negativas em relação ao filme, tendo este cumprido sua proposta de chocar. Marcelo Forlani consegue passar pelas diferentes áreas da criação cinematográfica sem dificuldade e as analisa utilizando ferramentas sofisticadas, porém não há um aprofundamento em nenhum dos pontos levantados, que poderiam ser trabalhados em um texto maior, e o autor conta com um conhecimento prévio do leitor que nem sempre existe. Entretanto sua crítica convencê pelo sentimento que passa, compactuando com o filme nesse aspecto, e pela forma técnica com que trata as diferentes áreas do saber cinematográfico. 






(Marcelo Forlani, sócio fundador do Omelete)

Análise da crítica "A barca furada de Noé"


O filme Noé obteve destaque pela polêmica que causou e foi muito criticado por sites e revistas. Uma destas críticas é a de José Geraldo Couto, publicada no blog do Instituto Moreira Salles. Couto é jornalista, crítico de cinema e publica em diversos sites, incluindo seu espaço pessoal no portal da Folha de São Paulo. 

Na crítica intitulada 'a barca furada de Noé', Couto inicia com uma ironia ferrenha contra a indústria cinematográfica. Passado esse primeiro posicionamento, o autor faz um panorama histórico dos filmes épicos bíblicos e afirma, ao citar Benedetto Croce, que o filme Noé tem características da indústria contemporânea. 

Parte então para a crítica quanto a perda de conteúdo do filme em detrimento da excessiva preocupação com efeitos, ou seja, a espetacularização que a indústria hollywoodiana promove. Ao fundamentar esta opinião, Couto faz uma série de comparações com outras obras bíblicas para justificar em quais elementos o filme é fraco. Por fim, o autor utiliza outra vez a ironia ao comparar uma cena no filme com o que chama 'sentimentalismo de novela do SBT'. 

O texto analisado cumpre algumas premissas básicas que Eduardo Cintra Torres propõe que seja a crítica. A primeira delas seria a utilização do que chama 'sofisticadas ferramentas de análise', neste caso, a comparação com outras obras e o embasamento da opinião em autores especialistas. Cumpre assim o papel do crítico em esclarecer algo que escapa ao espectador e em função da 'melhoria da disciplina na qual se insere'. Ao fugir do lugar comum fazendo uma crítica provocativa, Couto desconstrói a ideia de deslumbramento por filmes com efeitos digitais precisos e a perda do conteúdo, alertando para um problema que o cinema industrial está enfrentando. 



Uma análise da crítica ao programa Esquenta


Em seu texto “Esquenta”, de Regina Casé, é o programa mais racista da TV?, Marcos Sacramento descreve o contexto do programa para que o leitor de fato possa ler a TV, como propõe Eduardo Cintra Torres. Ao simular o olhar do leitor, dizendo como provavelmente ele enxerga o programa, a crítica ganha identificação por parte do ouvinte. Quem lê o texto entende que aquilo passa a falar sobre algo que ele concorda. Ao mostrar outra visão ele também ganha por fugir do lugar-comum, mostrar um ponto de vista inovador e que desperte curiosidade no leitor.

Ao utilizar trechos como “respeito e até admiro formas de cultura vindas do gueto” e “essa festa maluca” o texto acaba se tornando mais agressivo e passa a expressar um ponto de vista muito baseado na experiência e opinião pessoa do autor. Ele “’até’ admirar” da a entender que a cultura periférica é algo que normalmente não mereça essa admiração. Ou ele caracterizar o programa como uma reprodução do cotidiano nas favelas e classificá-lo como uma “festa maluca” promove um juízo de valor impróprio para uma crítica cultural.

A partir daí ele chega no ponto central do texto: a discussão sobre o esterótipo que o programa cria em relação ao negro no Brasil. Se valendo de argumentos pontuais, mas precisos, ele enumera o que a produção trata como geral e que na verdade representa apenas uma parte do que a população negra traduz.

Entre diversos outros juízos de valores, Marcos  conclui seu pensamento e mostra através de informações que os leitores provavelmente conhecem, caso do fato de uma garota como a que aparece em seu programa nunca ser capa de uma revista Marie Claire, uma nova perspectiva sobre o impacto do Esquenta na saciedade. A crítica é positiva por demonstrar essa nova possibilidade, mas perde por não apresentar um desenvolvimento sólido e isento de experiência pessoal.


Análise do texto crítico "Assistir não é confiar" de Nirlando Beirão

Publicado em 14/05/2014
Por Daisy Cabral

Ilustração da crítica de Nirlando Beirão.

A crítica analisada é “Assistir não é confiar”, de Nirlando Beirão (colunista e editor especial da seção QI da revista Carta Capital) disponível aqui. O assunto criticado é a pesquisa realizada pelo Ibope por incentivo da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, cujo resultado mostra que apenas três por cento da população brasileira não assistem televisão cotidianamente.

Beirão discorre acerca da pesquisa de forma irônica e com certo tom de humor. Como se o resultado não pudesse explicar grande coisa ou fosse óbvio.

“Querendo ou não, a tevê é o xodó midiático dos brasileiros. Parece uma revelação tã
Caricatura de Nirlando beirão,
disponível no site da revista
Carta Capital
o antiga quanto os suspensórios do Jô Soares, tão óbvia como a pauta do Jornal Nacional, tão repetitiva quanto um comentário da Miriam Leitão.” (Nirlando Beirão)

O colunista conclui relatando que embora “todos” assistam TV, não significa que confiem ou que gostem. E defende sua opinião (bem clara no texto) de que a mídia impressa é mais confiável.


Criticando a crítica

Como define Eduardo Cintra Torres em Ver Televisão (1998, 1ª edição), criticar é “apreciar, analisar, compreender” (pág.9), nesse quesito creio que Nirlando Beirão tenha se saído bem, ou melhor, razoável. Ele não aprofunda muito nas razões do resultado da pesquisa, no por que dos brasileiros são tão “ligados” à televisão, mesmo não gostando, falando mal da programação, estão lá, em frente ao sofá todos os dias. Mas de certa forma, ele analisa a situação.

Idealmente um crítico não deveria expor suas crenças ou opiniões ao escrever, uma tarefa comprovadamente impossível, tanto que Cintra Torres conclui “O que deve realmente ficar de fora da crítica são as opiniões pessoais... sobre as pessoas.” Em “Assistir não é confiar” não há nenhuma crítica a pessoas e sim ao objeto analisado, audiência e programação de televisão.

A base científica que Beirão usa para estruturar sua crítica é a própria pesquisa do Ibope: “Entre confiar e desconfiar da notícia de tevê, dá empate técnico: 49% a 51%.”  
Em suma, a crítica analisada é direcionada a um leitor que faz parte dos 97%, que amando ou odiando, não consegue sair de frente da “telinha”.

Análise da crítica de Nirlando Beirão ao programa de Danilo Gentili no SBT

Publicado em 14/05/2014 por Rômulo Rosa
O jornalista Nirlando Beirão e o apresentador Danilo Gentili.

Nirlando Beirão em sua coluna no site da Carta Capital, no dia 05 de maio, faz uma crítica ao programa, The Noite apresentado por Danilo Gentili no SBT. O título de sua postagem é “Humor de tirar o sangue no SBT”. Em seu texto Nirlando, foca suas críticas no tal apresentar que tem uma fama de fazer piadas preconceituosas e de mal gosto.


O texto incia com o autor falando como foi seu primeiro encontro com o humorista.” A primeira vez que vi Danilo Gentili foi na noite em que Dilma Rousseff ganhou a eleição presidencial e, à saída da festa num hotel em Brasília, um repórter grandalhão e afoito, brandindo aquele microfone covarde do CQC, tentou acuar, humilhar e insultar o ex-presidente José Sarney, que deixava o recinto”, relata o colunista. Boa parte de seu curto texto ele crítica veemente o ex programa a qual o humorista trabalha, o CQC e o próprio, agora apresentador do talk show da SBT.


Sengundo Cintra Torres, crítico de televisão português, o crítico deve criticar a “obra e não o autor”. Neste caso em específico, Nirlando Beirão faz críticas somente a Danilo Gentili que é o apresentador do programa. Seguindo a mesma linha de Torres, a crítica em si tende a apresentar “soluções”, ser construtiva. Neste caso a critica não apresenta nem um desfecho, apenas acusa o apresentador de racista e suas piadas de ter um humor ofensivo.


Nirlando Beirão, escreve para uma revista especializada, a Carta Capital. Com uma editoria mais de esquerda, a revista que também tem sua página na internet, tem um público mais politizado e de um certo “nicho” político-social. Os leitores compartilham da mesmo ideia do jornalista, já que o veiculo publica matérias que geralmente faz criticas a estas manifestações preconceituosas.


O título do post leva ao leitor entender que a critica será ao “The Noite”, durante todo texto. Mas só no último paragrafo o autor cita o nome do programa. Além de enfatizar que o Talk Show é da mesma emissora que a jornalista Rachel Sherherazade, ele também comenta sobre futuro “promissor” de Gentili na televisão.”A grosseria intrínseca de uma personalidade doentia promete para ele um luminoso futuro na tevê”, ressalta o colunista.


Colocando mais lenha na fogueira, Nirlando, relembra a mobilização coletiva em torno do gesto antirracista do lateral Dani Alves e também do processo contra Danilo Gentili, que o acusa de injuria racial. A acusação aconteceu quando o apresentador ofereceu uma banana para um internauta negro no twitter .O Magistrado Marcelo Matias Pereira que julgou o caso, resolveu absorvê-lo do crime, por não caracterizar o “tweet” do humorista como uma ofensa.

Assim comparando os dois casos o jornalista esquece de uma analise mais a fundo do programa e foca suas criticas a Danilo Gentili. Se o subtítulo da matéria nos promete que será apresentado “impressões o programa The Noite”, é de esperar uma crítica ao formato ou a estrutura do programa e não as atitudes preconceituosas de seu apresentador.

As mediações e o espectador.


      Jesus Martín-Barbero é filósofo, semiólogo e antropólogo. Nasceu na Espanha, mas  mudou-se para a Colômbia em 1963 e, desde 2000, vive no México. O teórico espanhol é pesquisador da Comunicação e Cultura, principalmente, no contexto latino-americano. Barbero defende que é preciso haver uma reflexão independente na América latina e descarta a importação de teorias. 
     Barbero e outros filósofos como Nestor Canclini e Guilherme Orozco focaram seus estudos na inserção da televisão na cultura popular. Barbero avalia como a memória popular influencia os conteúdos midiáticos seja com presença ou ausência, afirmação ou negação, confisco ou deformação.
     Sua teoria defende a verdadeira participação do receptor no processo comunicativo, que, para ele, não é apenas um sistema impositivo, no qual existem dominantes e dominados. Para Barbero, a análise do cotidiano traz outras informações e se revela a chave para a recepção. Os diferentes modos de ler as mensagens estão muito ligados às tradições, às experiências, ao círculo social e às expectativas de cada um.

O PROGRAMA CIDADE ALERTA 
   Analisando o programa Cidade alerta, que reporta notícias policias, porém de cunho sensacionalista, há diferentes formas de recepção. Rejaine Alvarenga, dona de casa e moradora da cidade interiorana Campo Belo, conta que gosta muito do programa, porque ela fica sabendo  como está a violência no país. “Eu fico horrorizada com os casos de morte, estupro e roubos que tem por aí. Espero nunca visitar São Paulo”, comenta. 
     Já Lucas Gonçalves, estudante de Jornalismo e morador de Juiz de Fora, prefere nem ver o programa, pois, além de ser sensacionalista, considera mal feito. O estudante acrescenta que muitas pessoas recebem esse conteúdo de forma positiva, pois “a maioria população não possui uma "educomunicação" e, de fato, vão acreditar em tudo, principalmente, que a modernidade é pura violência”.

     Nesses exemplos é possível observar que o contexto e a formação influenciam nas formas de recepção e nos modos de ler um programa.       Segundo Barbero, isso acontece, porque os conteúdos transmitidos são passados por filtros chamados mediações, que podem ser estruturais, institucionais, conjunturais ou tecnológicas. No caso acima, é um exemplo de mediação conjuntural, pois diz respeito ao contexto em que receptor está inserido e também estrutural, pois envolve o repertório que este possui.

 O BEIJO GAY NA NOVELA AMOR À VIDA
     Outro exemplo, é um tema que foi muito debatido no ano passado: se haveria ou não o beijo gay na novela Amor à Vida de Walcyr Carrasco e exibida em horário nobre pela Rede Globo. Muito se discutiu sobre como isso seria recebido pelas pessoas, pois sabe-se que no Brasil ainda há muito conservadorismo e preconceito. O autor decidiu e a cena aconteceu.
     Guilherme Freire, 19 anos, homossexual, conta que ficou super emocionado.  “Eu estava apreensivo se iria acontecer ou não, mas acredito que foi uma conquista louvável”, relata. Guilherme acrescenta ainda “espero que agora eles retratem as relações ,homoafetivas com mais fidelidade”.
       Eugênia Costa , 82, viúva, diz que não foi acostumada a ver esse tipo de coisa e que é muito difícil pra ela esse conteúdo estar exposto assim. “Não sou preconceituosa, mas tive uma formação cristã-católica em internato de freiras e pais muito rígidos”, comenta.
Nesse caso, observa-se um exemplo de mediação institucional, no qual revela as influências de instituições como igreja, partido, escola e é também uma mediação conjuntural.

A TV PARA AS CRIANÇAS
Para finalizar, a mediação tecnológica, que analisa a eficiência de mecanismos técnicos de produção. Segundo Débora, de 7 anos, ela ama assistir televisão e se identifica com alguns personagens. “Eu amo Meu pedacinho de chão, porque é tudo colorido e lindo, eu queria ser a professora Juliana, porque ela é bonita”, comenta. A garota acrescenta que passa horas vendo televisão, porque ela aprende muitas coisas, inclusive, Espanhol na novela Chiquititas.





RESSIGNIFICAÇÃO 
Outro conceito interessante do téorico Barbero é o de Ressignificação, isto é, pegar uma cultura ou um produto importado e dar a ele um sentido próprio da cultura do seu país. É o que podemos observar na novela Avenida Brasil, exibida pela Rede Globo em 2012, e a influência que sofreu da série americana Revenge. Seja pela trama de vingança, cenários parecidos, renúncia ao amor ou características semelhantes, mas todas foram adaptadas ao contexto brasileiros e ganharam novas perspectivas.





Análise da Crítica de Sérgio Alpendre sobre as atuações da atriz Cameron Diaz.



Logo no título da crítica (Comédia que não faz rir é triste veículo para Cameron Diaz), Sérgio Alpendre deixa claro, de forma sarcástica, que não está gostando das últimas atuações da atriz que, segundo ele, "envelheceu mal no cinema".

Sua argumentação é feita a partir da análise dos filmes em que Cameron Diaz atuou e, de forma cronológica, aponta como seus acertos se tornaram raros. De acordo com o crítico, ela tem escolhido mal seus papéis, inclusive, sob o ponto de vista cinematográfico. Para reforçar essa argumentação, Sérgio faz uma provocação, alegando que os “duvidosos trunfos de bilheteria, pouco tem a ver com o ofício crítico”.


 Para finalizar, Sérgio destaca o recente filme Mulheres ao Ataque em que a atriz participa. Através de uma pequena sinopse, o crítico continua apontando erros, o que sustenta sua argumentação. Além disso, opina também sobre a comédia que, para ele, subestima o espectador e não é risível.

Sérgio faz uma crítica destrutiva e prioriza seus próprios pontos de vista, de forma que o texto tenha caráter prioritariamente opinativo. É uma crítica voltada para o leitor comum, pois o autor, além de usar uma linguagem simples, escreve em primeira pessoa, o que revela certa aproximação com quem lê. Embora Sérgio não tenha proposto soluções para os problemas que menciona em Cameron Diaz, ele levanta discussões plausíveis sobre seus papéis.


 




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