segunda-feira, 19 de maio de 2014

Análise da crítica OS SIMPSONS: A mensagem por trás da crítica ao Brasil. Por Sidimar Rostan


A crítica apresentada por Sidimar Rostan em 06/11/2012 no site Observatório da Imprensa é feita a partir da análise do episódio “Blame It On Lisa”. Presente na 13ª temporada de “The Simpsons”, foi exibido originalmente em 31 de março de 2002 pelo canal Fox (Fox Broadcasting Company) nos Estados Unidos. O seriado de animação surgiu como convidado especial no programa The Tracey Ulman Ullman Show e logo a família, criada por Matt Groenning, ganhou seu espaço próprio na TV, no dia 17 de dezembro de 1989.
Conhecido por satirizar o estilo de vida estadunidense, o programa exibiu o episódio em questão e causou polêmica ao utilizar o humor já conhecido da série para “brincar” com o Brasil, assim como fez com vários outros países no decorrer de sua exibição. A produção foi mal recebida pelas autoridades brasileiras, que ameaçaram processar a Fox. No entanto, o roteirista Bob Bendetson recebeu uma indicação ao Writers Guild of America Award pelo episódio, que virou fonte de estudos acadêmicos nos Estados Unidos e no Brasil, onde foi censurado por pressão da Riotur (Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro) e com o apoio do governo Fernando Henrique Cardoso. O jornalista diz que a tal censura prejudica o espectador e não chegou a ser contestada nem mesmo pelo canal Fox porque visa a audiência de seus principais expectadores da América Latina.

Segundo Rostan, o desenho foi interpretado como uma reduzida visão do contexto brasileiro representado em outros países, tendo como base o carnaval, futebol e o samba. Mas acima de uma analogia ao subdesenvolvimento, há um retorno do que se repete da ordem problemática social. O processo constante de hironia presente em “The Simpsons” é caracterizado como hiper-cinismo por Carl Matheson, um dos autores do livro Os Simpsons e a Filosofia (2003). A abordagem irônica do próprio cinismo apresentada incomodou autoridades, mesmo não sendo inédita, ao ponto que a segurança pública há muito se apresenta passiva, deixando margem à referência da síndrome de Estocolmo, vivenciada por Homer no capítulo ao encontrar segurança junto aos seus sequestradores, no Rio de Janeiro.

“O objetivo da crítica não é com toda a certeza ser conveniente e amável, nem para o leitor nem para o autor da obra, entregando-se a lugares-comuns. Tem de ser, pelo contrário, o de servir a inteligência do leitor, contrariando a preguiça das ideias feitas, que são precisamente o oposto – diria mesmo militantemente inimigas – da reflexão, do conhecimento, do estudo, do pensamento elaborado.” (TORRES, Eduardo C. Ler Televisão, Celta Editora 2008, pág 9)
Considerando tal conteúdo, o jornalista viabiliza a conexão do cenário de “Blame It On Lisa” com o rompimento de estereótipos, a partir da revelação de um país que não é ingênuo nem passivo. O Rio de Janeiro, simbolismo de uma sociedade imediatista, é colocado acima de um objeto de humor gratuito, devido à incoerência de desejo de uma sociedade economicamente próspera com sua auto-projeção e tramas particulares.


Devido à insegurança consequente dos atentados terroristas, (ao considerar a exibição do episódio logo após) é feito um comparativo social visualizando o vínculo historiográfico entre a capital carioca e Estados Unidos que ao globalizar cenários regionais, faz-se comum o terror da violência. Sidimar Rostan considera ainda que o capitalismo alimenta a desigualdade social, patrocinando inúmeras formas de atentados à vida e à liberdade em contraponto ao enquadramento da família Simpson. Logo, o antagonismo é interno, uma vez que forças opostas são estabelecidas e reconhecidas individualmente a partir de cada perspectiva da nação. Ele ressalta a histórica valorização da Corte portuguesa em detrimento à essência da guerra, tal como a comum exaltação do “American way of life”. Enquanto a ideologia da luta brasileira estiver baseada no conteúdo expostamente ironizado por “The Simpsons”, a alienação se sobressairá ao crescimento do país.

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