quarta-feira, 7 de maio de 2014

McLuhan e os meios de comunicação como extensões do homem


Destacado educador e teórico canadense, Marshall McLuhan desenvolveu conceitos sobre os impactos das novas tecnologias e os efeitos dos meios de comunicação na sociedade e nos indivíduos. Visto como visionário, por propor por volta dos anos 60 o que acontece atualmente de forma ainda mais intensa na relação do homem com a tecnologia, McLuhan tem relevância, também, por focar seus estudos nos meios de comunicação, enquanto a maioria dos estudiosos da época focava seus estudos nos conteúdos desses meios. Suas principais obras foram “O meio é a mensagem”, “Guerra e paz na Aldeia global”, “A galáxia de Gutenberg” e “Os meios de comunicação como extensões do homem”.



O conceito de Aldeia Global foi um dos principais desenvolvidos por ele, com o intuito de indicar que as novas tecnologias tendem a encurtar distâncias e a reduzir todo o planeta à mesma situação que ocorre numa aldeia: um mundo em que todos estariam de certa forma, interligados. Nos dias de hoje, podemos perceber a força desse conceito pela facilidade que encontramos de nos comunicar com pessoas do mundo inteiro – instantaneamente –, de nos deslocarmos para onde quer que seja ou pela velocidade no fluxo de informações e mercadorias. Tudo isso pelo avanço de tecnologias que, entre outros efeitos, são capazes de produzir uma intensa troca e mistura de culturas.

                   Little Brazil – Rua brasileira em Nova Iorque



Em seus estudos sobre os meios, o termo muito conhecido “o meio é a mensagem”, destaca a influência que os meios exercem na mensagem que transmitem e as diferenças evidenciadas por cada suporte midiático. Uma mesma mensagem seria transmitida de formas diferentes pela televisão, pelo rádio e por um jornal, por exemplo. O que ele quis mostrar é como o meio ou o canal em que a mensagem é transmitida interfere muito mais no impacto dela do que o próprio conteúdo, por ter suas características próprias e por consequência, os seus efeitos específicos.



McLuhan classificou, ainda, os meios como quentes e frios. Os meios quentes seriam aqueles que prolongam um único de nossos sentidos e em “alta definição”, ou seja, a um estado de alta saturação de dados, permitindo menos participação do que um frio. Como exemplos de meios quentes podemos citar o rádio, o cinema, a fotografia e hoje, a TV digital. Como frios, o telefone, o desenho animado, a caricatura, a fala e a TV analógica. Uma reflexão interessante que pode ser feita a partir dessa classificação, seria pensar em como a internet poderia ser classificada, já que McLuhan elaborou essa classificação ainda antes desse meio ser tão difundido e influente em nosso cotidiano. 

Fotografia (Meio quente, alta definição) x Caricatura (Meio frio, baixa definição).


Por fim, tendo como uma de suas propostas mais interessantes e que, sem dúvidas, contribuiu para que seja visto como visionário, McLuhan fala sobre as tecnologias e os meios de comunicação como extensões do homem, que é inclusive o título de um de seus livros. Num capítulo nomeado de “O amante de “Gadgets”, o autor diz que “com o advento da energia elétrica, o homem prolongou, ou projetou para fora de si mesmo, um modelo vivo do próprio sistema nervoso central” – próteses técnicas. Podemos citar como exemplos, nesse contexto, o automóvel como extensão de nossos pés, as câmeras fotográficas como extensões de nossos olhos, o telefone como extensão de nossa fala. “Trata-se de um desenvolvimento que sugere uma auto-amputação suicida e desesperada, como se o sistema nervoso central não mais pudesse contar com os órgãos do corpo para se sustentar e proteger”. Tal conceito pode ser visto hoje em nossa crescente dependência das tecnologias e meios de comunicação, desde os mais antigos, como a luz elétrica e os carros, até os mais modernos, como os celulares, tablets e notebooks, além de nossa necessidade cada vez mais frequente de estar sempre conectados uns aos outros. McLuhan compara ainda, o mito de Narciso com os efeitos psíquicos e sociais que os meios tecnológicos exercem sobre os homens, pois assim como Narciso se adaptou e admirou a extensão de si mesmo no espelho, os homens também logo se fascinam por qualquer extensão de si mesmos em qualquer material que não seja o deles próprios, o que implica necessariamente em sua adoção. Assim, nossa vida subliminar, privada e social, vai sendo, cada vez mais, desvendada por completo.

Mito de Narciso e a atual contemplação do homem pela tecnologia como sua extensão


Os estudos de Marshall McLuhan são importantes, portanto, porque nos possibilitam refletir sobre que uso estamos fazendo das tecnologias e dos meios atuais, de modo que elas possam nos favorecer mais do que nos reduzir a meros consumidores assíduos de seus efeitos.

Seminário apresentado por Juliana Schuchter, Mariana Estevão e Yuri Resende.

1 comentário:

  1. Excelente post, pessoal! A parte teórica está abrangente e os exemplos se encaixaram muito bem! O vídeo é perfeito ao retratar o impacto das extensões tecnológicas na vida de todos e a dependência que desenvolvemos com relação aos aparelhos.

    Bom trabalho!

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