O filósofo francês Edgar Morin é considerado um dos
principais pensadores contemporâneos, tendo publicado inúmeros livros, entre
eles "Cultura de Massa no Século XX - O Espírito do Tempo", publicado
originalmente em 1962. Nesse livro, o autor disserta sobre o fenômeno que se
convencionou chamar de cultura de massa e seus efeitos na sociedade da época, estabelecendo
conceitos relacionados ao tema.
Um dos conceitos apresentados por Morin, no capítulo
"Juventude", diz respeito à valorização dos jovens, do novo, em detrimento
dos anciãos, do velho. Morin diz que, nos tempos antigos, os mais velhos
detinham autoridade e eram considerados sábios, mas que hoje em dia,
essa sabedoria foi descartada, e figuras como o pai autoritário se desvanecem
cada vez mais. Torna-se mais difícil, segundo ele, a identificação com a imagem
dos pais, enquanto a identificação dos jovens com os modelos apresentados pela
cultura de massa torna-se cada vez mais fácil. O filósofo cita como exemplo os
filmes de heróis mitológicos, em que a paternidade dos mesmos não é importante,
sendo deliberadamente ignorada. Esse modelo faz alusão a uma individualidade em
relação aos progenitores, que pode, de fato, ser frequentemente observada em
produções do tipo.
O conceito de valorização da juventude se estende, na
verdade, até aqueles que se encontram já em um estágio mais avançado da vida.
Homens e mulheres recorrem a todo tipo de tratamento que lhes possibilite,
segundo o autor, camuflar o envelhecimento. Há uma crescente preocupação em
estender o presente e adiar a velhice ou a morte, o que pode ser percebido, por
exemplo, pelo aumento no número de cirurgias plásticas realizadas hoje em dia,
ou pela procura dos mais variados tratamentos para o rejuvenescimento. Isso também
se deve, é claro, aos novos padrões de beleza impostos pela mídia e a cultura
de massa, em que ocorre uma valorização cada vez maior da sedução.
Dessa forma, os belos atores e atrizes do cinema (por sua
beleza e glamour) ou o rock and roll (pelo sentimento de rebelião, de
rompimento com o tradicional), constituem símbolos para a juventude
contemporânea, que imita os penteados dos heróis hollywoodianos ou as poses dos
astros de rock, numa verdadeira relação de projeção-identificação, em que esses
modelos, ao mesmo tempo em que representam o que os jovens gostariam de ser,
influenciam-nos a adotar certos comportamentos, muitas vezes vistos nas telas
ou situações semelhantes.
Elvis Presley e James Dean servem como perfeitos exemplos de figuras cujo comportamento exerceu influência na juventude das décadas de 50 e 60. Enquanto Elvis, com seu estilo ousado de dançar e se comportar nos palcos, conquistava admiração, James Dean, que é considerado, de fato, um ícone cultural, mostrava-se também muito popular, tendo sido considerado a melhor personificação da rebeldia e das angústias próprias da juventude em seu tempo. Dessa forma, Dean era, compreensivelmente, alvo da identificação de inúmeros jovens cujas angústias eram representadas pelo ator em seus filmes. Sua influência foi tão grande, que sua popularidade dura até os dias de hoje, embora tenha falecido ainda aos 24 anos de idade, em um acidente de carro, enquanto se dirigia para uma corrida, fato que serviu como uma verdadeira reafirmação da filosofia de vida "live fast, die young", da qual o mesmo parecia ser um símbolo.
Atualmente, ainda são observáveis exemplos de personalidades que influenciam um grande número de indivíduos de uma determinada sociedade. Alguns dos principais são jogadores de futebol, que ao adotar um determinado corte de cabelo, estabelecem novos padrões estéticos ao serem imitados por jovens do mundo inteiro.
Oi, Bruno! O post está consolidado, principalmente no que concerne às ideias de Morin. Contudo, ficará bem mais interessante se você explorar mais os personagens das duas imagens que postou: Elvis e James Dean. Que tal falar mais deles, da influência cultural que exerceram na época e em quais setores (dança, vestuário, etc)? Você poderia também fazer um paralelo com alguma manifestação deste tipo que ocorra atualmente, mostrando a pertinência ainda existente das ideias de Morin. No mais, parabéns!!
ResponderEliminarVídeos também são bem-vindos!
ResponderEliminarBacana, Bruno! Ficou mais completo! :)
ResponderEliminarSó atenção para a frase "os mais velhos detinham possuíam autoridade", no segundo parágrafo, que tem dois verbos em sequência!