André Lemos
André Lemos é engenheiro, Mestre em Política de Ciência e
Tecnologia, Doutor em Sociologia.
Atualmente, é professor associado ao Departamento de Comunicação e do Programa
de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Faculdade de
Comunicação da UFBA .Coordena o Grupo de Pesquisa em Cibercidade (GPC) e é
membro fundador da Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura.
Meios como extensão do homem:
Segundo André Lemos, as ferramentas, meios e mídias não
estendem os homens. Os diversos aparatos tecnológicos são um complemento da
potência humana. O que define o homem são as associações com outros sujeitos.
Os meios funcionam como mediadores . “A mediação é um elo que coloca os actantes
em relação, humanos e não-humanos, sem hierarquias em um espaço plano. Ela se
dá em rede e em processo de hibridização onde as forças se definem no momento
da associação. A mediação ou tradução é o que produz informações nas redes
sociotécnicas”.
Lemos discorda de McLuhan e sua teoria sobre os meios como
extensões do homem e afirma “McLuhan não estava errado, mas impreciso.”
Mídias sociais.
Ferramenta de revolução?
André Lemos analisa a Primavera Árabe para responder essa
questão. Para ele, foi uma revolução de jovens que tiveram as redes sociais
como mediadores fundamentais para os levantes.
Os objetos podem
exercer variados papeis, isso vai depender da associação em que estão
envolvidos. Porém eles só desempenharão alguma função, principalmente, social
se estiverem nessa associação com humanos.
O ser-humano seria a fonte de consciência (ação política), a
causa do movimento. Do outro lado, as mídias como Facebook, Twitter, Blogs
seriam as ferramentas, os instrumentos que completam o homem. A tecnologia,
portanto, não é neutra, as associações definem politicamente um artefato, uma
rede sociotécnica.
A mesma análise do uso das mídias pode ser feita nas
Manifestações de junho, que foi uma associação da iniciativa dos jovens e das redes sociais, responsáveis por ser a plataforma de discussão, debates e reuniões.
Mídias Locativas
O que caracteriza as mídias locativas é o
fato de serem importantes aliadas das pessoas no processo
info-comunicacional.Tais mídias encurtam distâncias,facilitam o fluxo de
informações,facilitam o entendimento de mensagens codificadas e até nos levam
para outras plataformas,como é o caso do QR -code.
Esse processo,de certa
forma,desvia a concentração massiva de informação dos grandes meios de
comunicação e modificam as relações de trocas informacionais entre o indivíduo
com os demais dentro de espaços distintos.Basta possuir um smartphone
e acesso à internet para que a transmissão de dados e informações se dê ainda com mais facilidade.
e acesso à internet para que a transmissão de dados e informações se dê ainda com mais facilidade.
A tendência é que isso aumente ainda mais a cada ano,à medida em que
há corrente no mercado a popularização destes tipos de aparelho,o que
ocasionará num reforço neste novo paradigma da comunicação,caracterizado por
André Lemos.
Modos de mediação
Nos
modos de mediação, Lemos se aprofundou nos modos de visibilidade, dando como
exemplo os mapas colaborativos. Quando fala de cartografias colaborativas, o
autor realizou uma investigação sobre 4 projetos brasileiros que usam dessa
plataforma: WikiCrimes, WikiBarulho, Buracos de Fortaleza e Urbanias. São mapas
encontrados na internet, que trazem informações acrescentadas pelos próprios
usuários. São esses usuários que “desenvolvem” esse mapa. Para compreender
melhor, é preciso saber a diferença entre os mapas tradicionais e os digitais.
Os mapas
tradicionais são “panoramas”, retratam a realidade do jeito que é, são
desenvolvidos por especialistas e as pessoas apenas acessam, não podendo mudar
nada. Os mapas digitais revelam narrativas sobre os lugares, já que mantém um
histórico. Não retratam apenas o espaço físico, mas tudo o que acontece ao seu
redor, além de dar liberdade ao usuário e fazer com que este participe
ativamente da sua elaboração.
Os projetos
brasileiros citados por Lemos são baseados na Web 2.0, que representa essa
passagem dos consumidores a produtores de informação.
O WikiCrimes
surgiu em 2007, e é dedicado ao mapeamento de violência. As pessoas podem
marcar locais de crimes e ainda ter uma visão geral do território. Mesmo com
origem brasileira, hoje é utilizado em vários outros lugares no mundo,
especialmente na América e Europa. (imagem WikiCrimes).
O Urbanias
retrata diversos problemas na cidade de SP. Além de exibir as reclamações, o
urbanias as envia para instituições que possam resolver isso. São problemas
como segurança, transporte, saúde. Possui um portal, para onde vão as
reclamações, comentários, e tem até áudios falando sobre essas denúncias.
(imagem urbanias e áudio).
Por último, o
WikiBarulho, também na cidade de Fortaleza, denuncia problemas de poluição
sonora. Foi criado a partir da iniciativa do jornal “o Povo”. Para acessar o mapa, deve-se ter uma conta e logar no site do jornal. As informações são bem detalhadas, com descrição do problema. As denúncias podem ser feitas pelo login ou mandando um email para o jornal. De todos, é o único em que as informações são filtradas antes de serem compartilhadas.
sonora. Foi criado a partir da iniciativa do jornal “o Povo”. Para acessar o mapa, deve-se ter uma conta e logar no site do jornal. As informações são bem detalhadas, com descrição do problema. As denúncias podem ser feitas pelo login ou mandando um email para o jornal. De todos, é o único em que as informações são filtradas antes de serem compartilhadas.
Além dos mapas colaborativos, há outros
ambientes de colaboração, sites como o Wikipedia, que são marcados pelo
surgimento de ferramentas tecnológicas que permitem essa interação, como blogs
e fóruns.
A teoria
ator-rede analisa essa união entre actantes humanos e não-humanos, que
trabalhando juntos, formam essa rede, que vai levar a determinados
comportamentos dos usuários, no caso, altruísmo. No caso do mapeamento, a visualização dos
problemas das cidades vem dessa união entre humanos e não-humanos, e estes
exercem um papel tanto como mediadores, como instrumentos diretos dessa troca
de informações
Lemos usa o
conceito de “cidade algoritmo”, que é a cidade da cibercultura. Toda a sua
rotina gira em torno da tecnologia e pode ser desvendada com um simples toque
no celular. Nós temos aplicativos para consultar o horário de ônibus, para
chamar táxi, e mesmo pra ver o cardápio do Restaurante Universitário. Essa
inserção da tecnologia em nossas vidas está ganhando uma dimensão tão grande
que chega a mudar a maneira das pessoas agirem.
Mesmo que esse
acontecimento tenha seu lado positivo, está causando uma dependência muito
grande por parte das pessoas com os meios tecnológicos. Pensando nisso, vários
projetos vêm surgindo com o intuito de chamar a atenção da sociedade para se
“desconectar”, como no vídeo a seguir: (vídeo)
Campanha Desconecte-se
Há uma
campanha realizada pela Unicef que propõe que a cada 10 minutos sem utilizar o
celular, empresas multinacionais fornecerão água potável para crianças
necessitadas. Para participar, basta apenas acessar o link http://tap.unicefusa.org
pelo celular. O objetivo da campanha é questionar as pessoas sobre o que é
realmente necessário em nossas vidas. Atualmente, não conseguimos viver sem
celular, enquanto pessoas passam por necessidades bem maiores, então por que
não usá-lo para fornecer algo que elas realmente precisam?
Excelente post, pessoal! Parabéns!
ResponderEliminarSó cuidado com o errinho na frase "A mesma análise do uso das mídias pode ser feito nas Manifestações de junho" - o correto é "feita" e não "feito", já que se refere à análise.
:D
Corrigido!
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