Por Daisy Cabral
Ilustração da crítica de Nirlando Beirão. |
A crítica analisada é “Assistir
não é confiar”, de Nirlando Beirão (colunista e editor especial da seção QI
da revista Carta Capital) disponível aqui. O assunto criticado é a pesquisa
realizada pelo Ibope por incentivo da Secretaria de Comunicação Social da
Presidência, cujo resultado mostra que apenas três por cento da população
brasileira não assistem televisão cotidianamente.
Beirão discorre acerca da pesquisa de forma irônica e com
certo tom de humor. Como se o resultado não pudesse explicar grande coisa ou
fosse óbvio.
“Querendo ou não, a tevê é o xodó midiático dos brasileiros.
Parece uma revelação tã
o antiga quanto os suspensórios do Jô Soares, tão óbvia
como a pauta do Jornal Nacional, tão repetitiva quanto um comentário da Miriam
Leitão.” (Nirlando Beirão)
Caricatura de Nirlando beirão, disponível no site da revista Carta Capital |
O colunista conclui relatando que embora “todos” assistam
TV, não significa que confiem ou que gostem. E defende sua opinião (bem clara
no texto) de que a mídia impressa é mais confiável.
Criticando a crítica
Como define Eduardo Cintra Torres em Ver Televisão (1998, 1ª edição), criticar é “apreciar, analisar,
compreender” (pág.9), nesse quesito creio que Nirlando Beirão tenha se saído
bem, ou melhor, razoável. Ele não aprofunda muito nas razões do resultado da
pesquisa, no por que dos brasileiros são tão “ligados” à televisão, mesmo não
gostando, falando mal da programação, estão lá, em frente ao sofá todos os
dias. Mas de certa forma, ele analisa a situação.
Idealmente um crítico não deveria expor suas crenças ou
opiniões ao escrever, uma tarefa comprovadamente impossível, tanto que Cintra
Torres conclui “O que deve realmente ficar de fora da crítica são as opiniões
pessoais... sobre as pessoas.” Em “Assistir
não é confiar” não há nenhuma crítica a pessoas e sim ao objeto analisado,
audiência e programação de televisão.
A base científica que Beirão usa para estruturar sua crítica
é a própria pesquisa do Ibope: “Entre confiar e desconfiar da notícia de tevê, dá
empate técnico: 49% a 51%.”
Em suma, a crítica analisada é direcionada a um leitor que
faz parte dos 97%, que amando ou odiando, não consegue sair de frente da
“telinha”.
atenção na gralha: tã o
ResponderEliminarcorreção da frase: crítica às pessoas, mas ao
frase mal construída:
Ele não aprofunda muito as razões do resultado da pesquisa, o fato dos brasileiros serem tão “ligados” à televisão, pois mesmo não gostando e falando mal da programação, eles estão em frente à televisão todos os dias. Porém, de certa forma, ele analisa a situação.