sexta-feira, 23 de maio de 2014

Canclini e seus consumidores e cidadãos

Atualizado! Néstor García Canclini é um professor e antropólogo argentino contemporâneo. O seu trabalho tem como foco principalmente a cultura e a pós-modernidade através do ponto de vista latino-americano. É considerado um dos mais importantes em comunicação, cultura e sociologia da América Latina.



Em seu livro “Consumidores e Cidadãos” ele discute sobre as relações entre consumo e cidadania a partir da análise cultural perante os processos de globalização. Se apresenta como uma investigação sobre como as mudanças na maneira de consumir alteram o exercício da cidadania, notando que a maioria das perguntas dos cidadãos são respondidas mais pelo consumo privado de bens e dos meios de comunicação de massa do que pelas regras da democracia ou da participação coletiva em espaços públicos.

Um dos pontos mais abordados no seu livro é o significado de consumo, mas não o seu significado teórico, mas como esse consumo é abordado na prática. Ele diz que: “O consumo é o conjunto de processos socioculturais em que se realizam a apropriação e os usos dos produtos”.  Ou seja, é nesse jogo entre desejos e estruturas que tanto as mercadorias e o consumo servem também para ordenar uma sociedade politicamente. O consumo é um processo em que os desejos se tornam demandas e atos sociais regulados.

No capítulo “Narrar o Multiculturalismo”, Canclini sugere uma discussão sobre o estado atual do multiculturalismo e o seu funcionamento. Ele diz que a cidade o interessa não só como objeto de conhecimento, mas também como cenário onde se imagina e se narra. E por conta de globalização, as cidadãs atuais não podem ser narradas ou descritas como antigamente. E é nesse momento que ele nos apresenta o conceito de “flaneur”, que seria percorrer itinerários urbanos como um modo de se entreter associado à espetacularização no consumo.


 O consumo é simbólico, e é muito presente na sociedade contemporânea. Consumir tudo que aquilo significa. É consumir aquilo que acha que precisa e que deseja sem realmente consumir, sendo apenas a ilusão desse consumo necessário. Seria o consumo de uma marca e não de um produto. Ou seja, é uma forma de comunicação, que constituem um código a ser compartilhado, seja como forma de diferenciação social, onde esse consumo ordena a classificação social. 
Um exemplo de consumo simbólico é o consumo de marcas consideradas ‘famosas’. Não há um consumo pelo produto real e muitas vezes, nem pela qualidade dele, mas sim pelo que aquela aquisição vai trazer para a pessoa na vida social e cotidiana. Que tipo de status aquele produto pode proporcionar para a pessoa e hoje em dia é cada vez mais comum ver pessoas, principalmente jovens, consumindo simbolicamente esse ‘status’ da marca.
 Para muitos, ter certo produto de certa marca pode os elevar a outro patamar, a um andar superior na escada para o alcance do sucesso. E mais uma vez, o consumo se torna um processo sociocultural e também se torna uma forma de espetáculo. Mais ninguém consome para si mesmo, as pessoas consomem para o outro, para obter aprovação do que ou de quem elas consideram superiores. 



2 comentários:

  1. Oi, Luiza! A parte teórica do texto está bem estruturada! Só acho que você poderia falar um pouquinho mais de como se dá esse consumo simbólico, talvez até mesmo pegando carona na imagem que você postou.

    O que essas marcas representam para quem as consome e também para quem não as consome? Há a formação de grupos simbólicos a partir de um possível consumo simbólico? Como se dão as relações de pertencimento através do consumo?

    No mais, bom trabalho! :D

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