sexta-feira, 20 de junho de 2014

André Lemos e a comunicação das coisas.



André Lemos
André Lemos é engenheiro, Mestre em Política de Ciência e Tecnologia,  Doutor em Sociologia. Atualmente, é professor associado ao Departamento de Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Faculdade de Comunicação da UFBA .Coordena o Grupo de Pesquisa em Cibercidade (GPC) e é membro fundador da Associação Brasileira de Pesquisadores em Cibercultura.



Meios como extensão do homem:
Segundo André Lemos, as ferramentas, meios e mídias não estendem os homens. Os diversos aparatos tecnológicos são um complemento da potência humana. O que define o homem são as associações com outros sujeitos. 
Os meios funcionam como mediadores .  “A mediação é um elo que coloca os actantes em relação, humanos e não-humanos, sem hierarquias em um espaço plano. Ela se dá em rede e em processo de hibridização onde as forças se definem no momento da associação. A mediação ou tradução é o que produz informações nas redes sociotécnicas”.
Lemos discorda de McLuhan e sua teoria sobre os meios como extensões do homem e afirma “McLuhan não estava errado, mas impreciso.”


Mídias sociais. Ferramenta de revolução?
André Lemos analisa a Primavera Árabe para responder essa questão. Para ele, foi uma revolução de jovens que tiveram as redes sociais como mediadores fundamentais para os levantes.
 Os objetos podem exercer variados papeis, isso vai depender da associação em que estão envolvidos. Porém eles só desempenharão alguma função, principalmente, social se estiverem nessa associação com humanos.
O ser-humano seria a fonte de consciência (ação política), a causa do movimento. Do outro lado, as mídias como Facebook, Twitter, Blogs seriam as ferramentas, os instrumentos que completam o homem. A tecnologia, portanto, não é neutra, as associações definem politicamente um artefato, uma rede sociotécnica.



A mesma análise do uso das mídias pode ser feita nas Manifestações de junho, que foi uma associação da iniciativa dos jovens e das redes sociais, responsáveis por ser a plataforma de discussão, debates e reuniões.






Mídias Locativas
O que caracteriza as mídias locativas é o fato de serem importantes aliadas das pessoas no processo info-comunicacional.Tais mídias encurtam distâncias,facilitam o fluxo de informações,facilitam o entendimento de mensagens codificadas e até nos levam para outras plataformas,como é o caso do QR -code. 
Esse processo,de certa forma,desvia a concentração massiva de informação dos grandes meios de comunicação e modificam as relações de trocas informacionais entre o indivíduo com os demais dentro de espaços distintos.Basta possuir um smartphone
e acesso à internet para que a transmissão de dados e informações se dê ainda com mais facilidade.
A tendência é que isso aumente ainda mais a cada ano,à medida em que há corrente no mercado a popularização destes tipos de aparelho,o que ocasionará num reforço neste novo paradigma da comunicação,caracterizado por André Lemos.

Modos de mediação


Nos modos de mediação, Lemos se aprofundou nos modos de visibilidade, dando como exemplo os mapas colaborativos. Quando fala de cartografias colaborativas, o autor realizou uma investigação sobre 4 projetos brasileiros que usam dessa plataforma: WikiCrimes, WikiBarulho, Buracos de Fortaleza e Urbanias. São mapas encontrados na internet, que trazem informações acrescentadas pelos próprios usuários. São esses usuários que “desenvolvem” esse mapa. Para compreender melhor, é preciso saber a diferença entre os mapas tradicionais e os digitais.
Os mapas tradicionais são “panoramas”, retratam a realidade do jeito que é, são desenvolvidos por especialistas e as pessoas apenas acessam, não podendo mudar nada. Os mapas digitais revelam narrativas sobre os lugares, já que mantém um histórico. Não retratam apenas o espaço físico, mas tudo o que acontece ao seu redor, além de dar liberdade ao usuário e fazer com que este participe ativamente da sua elaboração.
Os projetos brasileiros citados por Lemos são baseados na Web 2.0, que representa essa passagem dos consumidores a produtores de informação. 
O WikiCrimes surgiu em 2007, e é dedicado ao mapeamento de violência. As pessoas podem marcar locais de crimes e ainda ter uma visão geral do território. Mesmo com origem brasileira, hoje é utilizado em vários outros lugares no mundo, especialmente na América e Europa. (imagem WikiCrimes).

O Urbanias retrata diversos problemas na cidade de SP. Além de exibir as reclamações, o urbanias as envia para instituições que possam resolver isso. São problemas como segurança, transporte, saúde. Possui um portal, para onde vão as reclamações, comentários, e tem até áudios falando sobre essas denúncias. (imagem urbanias e áudio).

Buracos de Fortaleza trata exatamente desse tipo de problema em Fortaleza. Foi criado em 2009, e mesmo sendo limitado a cidade, podemos encontrá-lo sobre outras ao redor. Blogueiros locais estavam insatisfeitos com a situação, começaram uma discussão no twitter e nos seus próprios blogs, até que o problema foi transportado e hospedado pelo google maps. (imagem buracos).

Por último, o WikiBarulho, também na cidade de Fortaleza, denuncia problemas de poluição
sonora. Foi criado a partir da iniciativa do jornal “o Povo”. Para acessar o mapa, deve-se ter uma conta e logar no site do jornal. As informações são bem detalhadas, com descrição do problema. As denúncias podem ser feitas pelo login ou mandando um email para o jornal. De todos, é o único em que as informações são filtradas antes de serem compartilhadas. 
Além dos mapas colaborativos, há outros ambientes de colaboração, sites como o Wikipedia, que são marcados pelo surgimento de ferramentas tecnológicas que permitem essa interação, como blogs e fóruns.
A teoria ator-rede analisa essa união entre actantes humanos e não-humanos, que trabalhando juntos, formam essa rede, que vai levar a determinados comportamentos dos usuários, no caso, altruísmo.  No caso do mapeamento, a visualização dos problemas das cidades vem dessa união entre humanos e não-humanos, e estes exercem um papel tanto como mediadores, como instrumentos diretos dessa troca de informações
Lemos usa o conceito de “cidade algoritmo”, que é a cidade da cibercultura. Toda a sua rotina gira em torno da tecnologia e pode ser desvendada com um simples toque no celular. Nós temos aplicativos para consultar o horário de ônibus, para chamar táxi, e mesmo pra ver o cardápio do Restaurante Universitário. Essa inserção da tecnologia em nossas vidas está ganhando uma dimensão tão grande que chega a mudar a maneira das pessoas agirem.
Mesmo que esse acontecimento tenha seu lado positivo, está causando uma dependência muito grande por parte das pessoas com os meios tecnológicos. Pensando nisso, vários projetos vêm surgindo com o intuito de chamar a atenção da sociedade para se “desconectar”, como no vídeo a seguir: (vídeo)


Campanha Desconecte-se 
Há uma campanha realizada pela Unicef que propõe que a cada 10 minutos sem utilizar o celular, empresas multinacionais fornecerão água potável para crianças necessitadas. Para participar, basta apenas acessar o link http://tap.unicefusa.org pelo celular. O objetivo da campanha é questionar as pessoas sobre o que é realmente necessário em nossas vidas. Atualmente, não conseguimos viver sem celular, enquanto pessoas passam por necessidades bem maiores, então por que não usá-lo para fornecer algo que elas realmente precisam?


  Grupo do seminário:  Gisele Rocha, Larissa Garcia, Leticya Bernadete e Victor Ferreira

 

2 comentários:

  1. Excelente post, pessoal! Parabéns!

    Só cuidado com o errinho na frase "A mesma análise do uso das mídias pode ser feito nas Manifestações de junho" - o correto é "feita" e não "feito", já que se refere à análise.

    :D

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