Jesús Martin Barbero - "Tecnicidades, identidades, alteridades: Mudanças e opacidades da comunicação no novo século" e "Os Exercícios do Ver"

Jesús Martín Barbero é semiólogo, antropólogo e filósofo colombiano, nascido na Espanha, mas vive na Colômbia desde 1963. Teórico e pesquisador da Comunicação e Cultura e um dos expoentes nos Estudos Culturais contemporâneos. É autor do livro Dos Meios às Mediações.

Exercícios do Ver

Martin Barbero discorre sobre as relações que foram mudadas com a televisão e o modo de ver a sociedade. Os exercícios do ver fala sobre o esforço em analisar e aprender outras maneiras, como a relação quase inexistente da escola com a imagem. Um forte ponto abordado são as mediações criadas pela escola e também a relação da televisão, e o imaginário televisivo, que é o oposto do que as escolas pregam: uma estrutura bastante linear, presa ao livro e sem abertura para outras formas de aprendizado. Hoje há um forte descentramento cultural que quebra esse eixo da preponderância do livro. O autor afirma que existem ferramentas muito mais versáteis, disponíveis e individualizadas do que somente as que a escola aplica, e as mídias devem servir parar expandir esse relacionamento. Muitas pessoas culpam unicamente as tecnologias “sedutoras e malignas” pela crise da leitura, porém essas acusações são ruins, pois a TV catalisa as mudanças na sociedade.

No primeiro capitulo “Disseminação do saber e novos modelos de ver-ler” ele diz, por exemplo, que as crianças não podem ser culpadas por assistirem TV, já que não foram elas que comparam o aparelho. As relações de mediações se fazem presentes também quando o autor fala sobre a desordem cultural e das condições de vida e trabalho que foram os causadores da ruptura estrutural “patriarcal familiar”. A televisão é importante para construir e desconstruir ideologias, fazer reconhecimentos culturais e refazer identidades. Vemos muito isso em novelas e seriados. Nosso papel é juntar a tecnologia, a sensibilidade popular e a vida cotidiana para mudar as narrativas gastas criadas pela televisão e pela esteriotipação das culturas. Saber usar o que de melhor os avanços tecnológicos, a mídia e as estruturas sociais é o nosso foco, para assim, melhorarmos nossa sociedade

Sociedade Midiatizada

"Tecnicidades, identidades, alteridades: Mudanças e opacidades da comunicação no novo século"
http://scalar.usc.edu/nehvectors/wips/jesus-martin-barbero-portuguese
.O que a complexidade dos meios de comunicação gera na atual recepção não é nada menos que uma série de efeitos nos sentidos como novas formas de percepção, linguagem, sensibilidades e escritas. Esses efeitos produzidos pelas tecnociências e grande difusão de informações ultrapassam a barreira espaço-temporal orientando-nos para o consumo.A tecnicidade desvenda assim, mudanças nos processos informacional territorial e espacial fazendo emergir: variada relocalização das identidades; hibridação da ciência, da arte, da cultura literária, audiovisual e digital; da velocidade das redes que imprimem o aumento do fluxo das informações, atribuem readequação das relações no trabalho e na criatividade

Partindo de uma análise do atentado de 11 Setembro em NY e do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, o autor considera a comunicação, “neste malfadado começo de século”. Citou as “oportunidades estratégicas” da digitalização e da “configuração de um novo espaço público e de cidadania”, “presa entre fortes mudanças e densas opacidades”. Cita Habermas, que “vê emergir a razão comunicativa” e propõe pensar a “hegemonia comunicacional do mercado na sociedade”, ou “a conversão da comunicação no mais eficaz motor do deslanche e inserção das culturas – étnicas, nacionais ou locais – no espaço/tempo do mercado e das tecnologias”, e também “o novo mapa que essas tensões desenham entre as mutações tecnológicas, as explosões e implosões das identidades e as reconfigurações políticas das heterogeneidades.”
Atenta para uma tendência ao isolamento da comunicação, “autismo epistêmico”, e segue no desenho de “um dos mapas indispensáveis na multidimensionabilidade de seus eixos temáticos e na transversatilidade de seus planos de análises.”
Disserta sobre as novas configurações de identidade atribuídas à crescente modificação dos meios de comunicação, principalmente com as influências das mega corporações globais, sejam elas informacional empresarial ou política e com suas atuações ideológicas cada vez mais concretas na formação dessas identidades.Essas discussões colocam em questão as novas políticas educacionais, sociais, culturais e comunicacionais de uma sociedade “mídiatica” submetida a uma lógica de mercado internacional cada vez mais fortalecido pela força das grandes corporações.Esse fortalecimento impõe, assim, a “capacidade de controle da opinião pública e imposição de moldes estéticos sempre mais barato” e tornando passiveis de “controles e ameaças à liberdade de informação e expressão” como cita Martín-Barbero. Dá-se como exemplos o crescente monopólio de sete grandes corporações da comunicação e o tão veiculado atentado de 11 Setembro considerados como configurações de uma dupla perversão.

    Grupo Seminário: Carolina Leonel, Mariana Meirelles e Naiara Neves.